Espaços públicos para acompanhar uma final de campeonato. Latas personalizadas com desenhos de bolas de basquete. Uma casa temática de apenas um esporte que ficará aberta para o público durante 15 dias.
As notícias que ilustram boa parte do Boletim Máquina do Esporte desta terça-feira (28) são uma afronta à capacidade do esporte brasileiro de organizar bons eventos para o público e para os patrocinadores. O investimento que marcas gigantescas como Heineken, Budweiser, Lay’s e Nescau estão fazendo na NBA e na Champions League mostram que existe interesse e espaço para ativar patrocínio esportivo no Brasil. O que falta é produto.
LEIA MAIS: Heineken e Lay’s espalham final da Champions League pelo país
LEIA MAIS: Patrocinadoras da NBA House, Budweiser e Nescau ativarão finais
Nada contra NBA e Uefa. Pelo contrário. As duas entidades estão corretas. Elas têm um produto de altíssimo valor agregado para oferecer ao torcedor. E, naturalmente, conseguem faturar com isso ao mostrar para as marcas que existe um público engajado em consumir o basquete americano ou o futebol europeu no Brasil.
O problema é que isso revela que o esporte brasileiro vai, aos poucos, perdendo sua capacidade de encantar o consumidor e, consequentemente, os patrocinadores.
O que Uefa e NBA têm a nos ensinar é que precisamos tratar o esporte como uma celebração para poder trazer o torcedor para perto e, assim, fazer a máquina girar. Hoje, assistir à final da Champions ou ao NBA Finals é um programa para se fazer com os amigos, com a família, celebrando a beleza de um esporte bem jogado.
Por aqui, elevamos a importância de ser vencedor a um patamar tão alto que estamos nos esquecendo de como é legal poder acompanhar uma ótima competição pelo puro prazer de gostar de esporte. O estresse causado pela necessidade de ganhar tem tirado o brilho do esporte no Brasil. E isso impacta diretamente nos negócios.
O único evento esportivo festivo que existe no país atualmente é o Jogo das Estrelas do NBB. Há quatro anos, a Liga Nacional de Basquete (LNB) tem investido maciçamente em mostrar esse lado lúdico do esporte por meio desse único evento. O jogo tem servido como aperitivo para as marcas começarem a migrar sua verba para a temporada do NBB.
Mas é muito difícil ser essa ilha de prosperidade. Enquanto futebol e vôlei não investirem também em promover o esporte como entretenimento, teremos um mercado cada vez mais dominado pelas grandes marcas internacionais.
O estresse causado pela necessidade de vencer no Brasil tem feito com que a gente abandone cada vez mais aquilo que há de melhor no esporte, que é a diversão.