A criação de setores populares para encher os estádios e dar mais acesso a pessoas de baixa renda ao futebol. A redução dos intervalos comerciais durante o Super Bowl para dar mais foco ao jogo. A criação de um torneio virtual de automobilismo, mas com premiação dentro da etapa da Porsche Cup.
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As três reportagens principais da edição desta quarta-feira (8) do Boletim Máquina do Esporte mostram claramente que o esporte foi feito para atender, antes de tudo, aos desejos do fã. É a experiência que ele tem ao ter contato com uma competição que pode mudar a história do evento.
Nos últimos anos, o esporte brasileiro tem dado cada vez mais atenção para isso. O basquete, com o NBB, é quem começou o movimento de entender que o esporte não é feito para jogadores, dirigentes, mídia e patrocinadores. Ele precisa, antes, saber o que o torcedor quer para, então, por meio de jogadores, dirigentes, mídias e patrocinadores, entregar o produto mais interessante possível para as pessoas.
O grande diferencial das ligas americanas é esse. O tempo todo os gestores estão atentos ao que os torcedores querem. Isso não significa fazer todas as vontades deles, mas de ouvir para entender o que pode ser melhorado dentro do produto ofertado.
O caso da NFL é cristalino nisso. A liga fatura quase US$ 15 bilhões por ano, dos quais US$ 10 bilhões são originários da TV. Mesmo assim, entende que quem vai mandar no formato do seu produto não é quem mais investe nele, mas quem consome. O fato de o torcedor estar incomodado com a quantidade de intervalos do Super Bowl fará com que a mídia que paga a maior parte da conta tenha que se adequar ao interesse do espectador. A lógica nisso é óbvia. Se as pessoas deixam de ver o Super Bowl por causa do excesso de intervalos comerciais, a mídia vai perder receita com menos audiência.
Ao longo das décadas, o gestor esportivo brasileiro parou de enxergar o esporte sob o olhar do torcedor. O futebol talvez seja o melhor exemplo disso. Jogos em horários ruins para o público ir aos estádios, baixíssima preocupação com o conforto do espectador que vai à partida, descaso com a entrega de produtos oficiais do clube, entre outras coisas.
O esporte brasileiro tem que perceber que é feito para o torcedor. Se não existir ninguém para consumir uma competição esportiva, de nada adianta termos atletas, mídia e patrocinadores num evento. É a relação do torcedor com o esporte que vai construir um ambiente comercial saudável para uma modalidade. Do contrário, vamos continuar a perder público, na TV e nos eventos, para outras atividades.