Análise: Experiência estrangeira ajuda a arejar futebol nacional

Fui um crítico inicial de o São Paulo ter oficializado um novato como Rogério Ceni para comandar uma equipe acostumada às conquistas, mas que só tem dado decepção a seus torcedores.

Em um primeiro momento, a decisão da diretoria foi dar um agrado às arquibancadas. Para os torcedores do clube, Rogério Ceni é unanimidade. Afinal, poucos jogadores no mundo dedicaram sua carreira inteira a apenas uma equipe. Nenhum deles contou com um goleiro que tenha marcado mais de cem gols. Poucos tiveram um número 1 que tenha sido tão decisivo em conquistas como o tricampeonato brasileiro (2006 a 2008) e o Mundial de clubes (2005).

Apesar de ter usado parte de seu ano sabático para tomar contato com ideias inovadoras de treinadores como Jorge Sampaoli, do Sevilla, e Jürgen Klopp, do Liverpool, é notória a falta de experiência do ex-goleiro para a função. É esperado que a torcida tenha um pouco de paciência.

Mas Rogério Ceni mostra que a boa visão de jogo dos tempos em que atuava embaixo das traves começa a moldar a cabeça do profissional da área técnica. Uma das primeiras iniciativas do novo treinador foi trazer o inglês Michael Beale e o francês Charles Hembert para integrar sua comissão técnica. Beale é um estudioso do futebol, autor de nove livros, já trabalhou no Chelsea e dirigia o time sub-23 do Liverpool de Klopp. Hembert, que fala quatro línguas, incluindo o português, cuidava da logística da seleção brasileira.

É salutar que haja esse intercâmbio cultural. Como treinador, Rogério Ceni pode até não dar certo. Mas sua iniciativa irá arejar as ideias no ambiente ultraconservador do futebol brasileiro. 

Sair da versão mobile