O futebol feminino ainda tem um longo caminho para se tornar um produto atrativo ao público e ao mercado. Para que isso aconteça, precisa ser mais bem tratado no Brasil, com um esforço maior de clubes e confederações. Para este ano, a CBF tornou exigência para os times da Série A terem equipes de mulheres. Mas o desenvolvimento passa longe da simples canetada.
Mesmo com o maior apelo que o futebol feminino tem tido este ano, com campanhas de Nike e Adidas para a Copa do Mundo, é difícil acreditar no crescimento em curto prazo no Brasil. Ao assistir a Ponte Preta e Corinthians pelo Twitter na estreia do Brasileirão, entende-se o porquê. O estádio era tão tosco que havia um enorme poste de iluminação na frente da câmera de TV. A cena de várzea não costuma atrair ninguém.
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Curiosamente, o jogo aconteceu no mesmo fim de semana em que os times femininos de Atlético de Madrid e Barcelona duelaram no estádio Wanda Metropolitano. Com mais de 60 mil pessoas, a partida foi um recorde de público entre times de mulheres.
Não é que a Espanha seja um grande case do segmento, mas o jogo prova duas questões importantes. A primeira é que existe interesse do grande público. A segunda é que a promoção da partida, como em qualquer outro evento de entretenimento, é fundamental.
O jogo recebeu boa atenção em Madri, inclusive com publicidade da Nike, que exaltou o encontro feminino entre duas equipes patrocinadas pela marca no Campeonato Espanhol. O próprio Atlético deu maior status à partida, com ações típicas do time masculino. Como resultado, o público facilmente abraçou o evento e lotou o novo estádio madrilenho.
No Brasil, também há demonstrações de interesse do público. Basta lembrar que, em 2017, 25 mil pessoas estiveram na Arena da Amazônia, em Manaus, para assistir a Iranduba x Santos, pelo Brasileirão de futebol feminino. O número está muito longe da média da categoria, mas mostra o potencial do produto no mercado.
Infelizmente, a realidade no Brasil está muito mais próxima do estádio com o poste na câmera do que do Wanda Metropolitano ou da Arena da Amazônia. No Campeonato Brasileiro de 2018, além da falta de transmissão, a grande maioria das partidas foi disputada no período da tarde, no meio da semana. Na mera obrigação, os clubes não têm o trabalho mínimo de divulgação das partidas. Nessa falta de cuidado, de zelo básico pelo esporte, fica muito difícil sair do lugar.