Análise: Festa de avó ganha da Libertadores

O que fazer durante 15 minutos de intervalo de uma partida de futebol dentro de um estádio? Uma das propostas da Conmebol ao mudar de forma radical a comercialização dos direitos da Copa Libertadores foi a de dar uma profissionalização para a principal competição do nosso continente. Só que, enquanto tenta criar padrões para utilização de marca, a entidade deixa de lado o maior interessado em ver um torneio mais profissional: o torcedor.

Uma festa de avó tem mais atrativos do que um intervalo de uma partida da Libertadores. Na noite desta quarta-feira (8), quem foi ao Allianz Parque ficou 15 minutos olhando para o lado, tendo na poderosa acústica do moderno estádio a reprodução de músicas clássicas do tempo em que nossas avós eram jovens senhoras da sociedade.

No telão, apenas o símbolo do Palmeiras era reproduzido, com as cores do estádio de pano de fundo. Nenhuma outra imagem, nenhum vídeo antigo sobre o Palmeiras na Libertadores, muito menos os melhores momentos da partida que estava em um sonolento 0 a 0. Em campo, jogadores reservas do San Lorenzo corriam.

E os patrocinadores?

Na “velha” Conmebol, intervalo de jogo geralmente era o momento em que alguma marca realizava ação promocional. Um chute do meio-campo com torcedores, a colocação de tapetes com propaganda, etc. O torcedor, na arquibancada, encontrava um passatempo até a volta do jogo.

Agora, com a “nova” Conmebol, a preocupação em criar uma marca para a competição, em mostrar que há “comando”, com uma preocupação enorme em fazer do torneio um “produto”, nada disso acontece. Os patrocinadores têm limites para suas atuações. Nada no intervalo. Só os garotos do Santander entram com os times no campo, enquanto a Bridgestone entrega o troféu de melhor jogador da partida.

No telão, como os operadores do estádio não podem conduzir o equipamento, não há qualquer utilização. Nada de câmera do beijo. Nada de mostrar lances do jogo. Nada de recontar a história da Libertadores.

Quando relançou sua marca, a Conmebol disse que procurava “uma nova imagem que pretende gerar emoções e tornar-se uma marca que forneça uma conexão entre os fãs e a sociedade”. No principal produto para conectar os fãs e a sociedade, o tempo em que o torcedor está mais aberto e disponível para ser impactado com mensagens sobre a competição e a entidade é simplesmente ignorado.

É difícil, assim, acreditar sempre.

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