A maior Copa do Mundo de Futebol Feminino da História terminou no último fim de semana. Em muitos sentidos, o evento encerra com a modalidade transformada, com evidências da força comercial que as mulheres levam ao campo. Satisfeita, a Fifa se apressou para alinhar as expectativas para o futuro do esporte. Mas talvez esteja excessivamente otimista.
Não ficaram muitas dúvidas sobre o potencial do futebol feminino, que carregou multidões nas arquibancadas e nas televisões em diversas partes do mundo. O grau de desenvolvimento da modalidade, no entanto, ainda é baixo. Quando a Fifa canta vantagem para o alto desempenho nos próximos anos, uma parte importante do quebra cabeça fica de fora. E, se for ignorado, o esforço será em vão.
Na sexta-feira (5), o presidente da Fifa, Gianni Infantino, apresentou cinco propostas para o futebol feminino: criação de um Mundial de Clubes, criação de uma Liga das Nações, Copa do Mundo com 32 seleções, premiação dobrada para o torneio e investimento dobrado para a modalidade, para US$ 1 bilhão.
Evidentemente, mais dinheiro, atenção e grandes torneios são muito bem-vindos. Mas a Fifa parece esquecer que, por exemplo, a situação atual de diversas federações torna uma Liga das Nações algo de logística demasiadamente complexa. Ou que uma Copa do Mundo de 32 times é um tiro no pé. Um dos méritos do Mundial deste ano foi um maior nível técnico. Nem o masculino, mais desenvolvido ao redor do mundo, tem conseguido levar um torneio de qualidade com esse número.
Por outro lado, a Fifa deixa de lado uma questão central: mulheres têm menos espaço à prática do futebol. Com exceção dos Estados Unidos, onde o futebol amador de mulheres é forte, outros países ainda sofrem com barreiras para elas. O Brasil é um bom exemplo, e esse fato já tem sido exaltado por algumas marcas especializadas. É o caso da Nike, que tem investido na organização de peladas para o público feminino. É um nível muito abaixo da realização de um Mundial de Clubes, mas ainda fundamental para o real desenvolvimento e sustentabilidade do esporte.
De qualquer maneira, a empolgação de Infantino é mais um motivo para o futebol feminino celebrar. A Copa do Mundo de 2019 foi, acima de tudo, um evento divertido, encerrado com aquela ansiedade pela próxima edição. É preciso planejamento para continuar crescendo, mas o espaço conquistado está consolidado.