Análise: Fim de ‘espanholização’ é bom para o futebol

O decreto do governo espanhol mostra que o processo de espanholização das ligas nacionais pode estar chegando ao fim. O contrato atual de direitos de TV beneficia sobremaneira os dois grandes (Barcelona e Real Madrid) em detrimento de todos os outros 18 clubes que disputam a elite do Campeonato Espanhol.

Tal estratégia serviu para os rivais dominarem a principal competição europeia. Nas últimas dez edições da Liga dos Campeões, o Barcelona atingiu ao menos a semifinal oito vezes, incluindo na atual temporada. Já o Real Madrid chegou cinco vezes entre os quatro primeiros. Somados, foram quatro títulos da dupla que disputa El Clásico. Nesse período, Inglaterra e Itália ganharam duas taças cada, enquanto a Alemanha ergueu só um troféu.

A desigualdade na distribuição do dinheiro, por outro lado, condenou a liga espanhola à mesmice. Nas últimas dez edições do Campeonato Espanhol houve 6 títulos do Barcelona e 3 do Real Madrid. Apenas o Atlético de Madrid, de forma surpreendente, furou esse bloqueio na temporada passada. O título deste ano –que emoção!- está entre os dois gigantes.

O outro lado da moeda é que os demais clubes acumulam dívidas milionárias. Clubes tradicionais como Albacete, Osasuna e Zaragoza vivem crise grave.

Uma distribuição mais igualitária, porém, ainda não corrige o desnível do torneio, já que boa parte dos ingressos obtidos pelos dois grandes vem de patrocinadores e bilheteria. No entanto, tende a deixar a disputa mais competitiva e menos monótona.

Resta saber se, com verba de TV menor, Barça e Real irão manter seu domínio nas competições europeias. 

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