Análise: Final épica reforça jogo único na Libertadores

Por acaso alguém sabe como fazer para conseguir ir à final da Libertadores? A pergunta rodou em mais de um grupo de WhatsApp tão logo ficou definido que Boca Juniors e River Plate decidirão o título deste ano.

Nunca na história a Libertadores teve uma final tão desejada. E, curiosamente, será a última vez que o torneio terá dois jogos para decidir o campeão. As duas situações, porém, reforçam a necessidade de a Conmebol adotar de uma vez por todas o jogo único para definir o campeão. A decisão mais desejada da Libertadores é, também, a menos acessível para o torcedor. E o problema não é a lei de oferta e procura. 

A polícia argentina já determinou que os jogos sejam disputados com torcida única. Ou seja, corremos o risco de, na festa pelo título, simplesmente não existir torcedor para comemorar com o time, uma bizarrice que já aconteceu este ano no Paulistão. Isso fará com que não haja acesso ao jogo de torcedores que não sejam do Boca ou do River. Nas duas partidas!!!

Ou seja, o amante do futebol estará privado de assistir a um dos duelos de maior rivalidade do mundo de dentro do estádio. 

De que adianta reclamarmos da Conmebol em seu projeto de fazer a final da Libertadores em jogo único se não temos competência para realizar duas partidas entre times rivais com o mínimo de civilidade? Qual patrocinador se sentirá seguro para realizar ação com clientes de torcedores rivais na partida decisiva? Quem vai querer assumir o risco de ir ao estádio sem ter de torcer desesperadamente por um time?

Esportivamente, a final em dois jogos é muito mais justa. Ela geralmente permite à equipe mais preparada sagrar-se campeã. Mas, para o negócio, realizar um jogo decisivo  em um campo neutro é a certeza de que o melhor do espetáculo será preservado.

A final única abre diversas possibilidades para o torcedor que gosta de futebol ir ao jogo, independentemente de quem disputa o título. Além disso, ela permite às empresas fazerem ativações de patrocínio com qualquer tipo de consumidor, não apenas o torcedor de uma das equipes que disputa o título da competição. Mas e o torcedor dos times que estão na final? Esse, com certeza, viajará para onde for para ver o jogo.

A maior decisão da história da Libertadores será, curiosamente, aquela em que o torcedor que gosta de futebol estará privado de ter acesso à partida. E até mesmo os torcedores dos dois times que duelam pelo título só poderão acompanhar uma das partidas ali de onde o jogo pulsa, que é a arquibancada. Perdemos uma ótima chance.

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