A principal ativação da Heineken para o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, será focada em um velho conhecido do público brasileiro: Ayrton Senna. A escolha do tema é um porto-seguro para as marcas; o antigo piloto mantém o apelo em alta. Ela também deixa claro o quanto o país está em baixa na categoria, sem um grande nome, sem audiências de grande impacto. Mas essa sensação de categoria em baixa não passa de uma impressão.
A própria ativação da Heineken no país é um claro sinal de que as corridas têm ganhado um espaço maior, pelo menos em relação à última década. Grandes ações de marcas eram raras, e uma ‘fan fest’, como foi criada, parecia realidade distante.
E não é o único sinal. Segundo a SPturis, órgão da Prefeitura de São Paulo que administra o turismo na capital paulista, no ano passado o GP Brasil gerou um impacto econômico de R$ 334 milhões na cidade, valor 19,2% superior ao de 2017. Muito graças ao aumento no número de turistas estrangeiros; foi a maior presença de torcedores de fora desde 2005, quando a pesquisa passou a ser realizada.
Não é por acaso que a Fórmula 1 voltou a ser disputada entre as duas cidades mais ricas do país. Para levar a categoria ao Rio de Janeiro, o Governo do Estado fluminense promete um novo autódromo, que custaria quase R$ 1 bilhão.
A Prefeitura de São Paulo, por outro lado, lançou nesta semana um edital para a concessão de Interlagos, em um projeto de terceirizar a manutenção do local para a iniciativa privada, o que poderia representar uma economia de quase R$ 1 bilhão nos próximos 35 anos, período do acordo apresentado. Mais do que isso, a administração paulistana contaria com a nova administração como trunfo para convencer a Fórmula 1 a manter a corrida na mais rica cidade da América do Sul, por mais uma década.
O fato é que a Fórmula 1 é cara. Para este ano, foram investidos R$ 75 milhões de dinheiro público para novas reformas em Interlagos. É uma rotina anual. E, para piorar, a verba é suficiente apenas para o básico. Hoje, a prova em si é incapaz de vender São Paulo de uma maneira mais interessante. O autódromo, velho, visualmente tosco e distante do centro financeiro e cultural da capital paulista, fica longe das propostas de Xangai, Singapura ou Abu Dhabi, que esbanjam modernidade.
Hoje, isso parece ter menor importância. Diferentemente do que se poderia imaginar, a Fórmula 1 tem crescido como um grande gerador de negócios.