Análise: Fórmula 1 se mantém como bom produto

Ausência de brasileiro, ultrapassagens combinadas, título decidido com antecedência e, principalmente, audiências muito distantes dos velhos tempos. A Fórmula 1 tinha tudo para se encolher a um esporte de nicho no mercado nacional, sem grandes impactos. Mas ela se manteve como um bom produto esportivo, com um dos eventos mais valorizados do país.

Para quem duvida, a organização anunciou na última sexta-feira (2) o esgotamento de ingressos para mais um setor de Interlagos para o evento do próximo fim de semana. E, mesmo sem divulgar números, o GP Brasil afirmou que a venda “cresceu muito nos últimos dias” e que os tíquetes estão próximos do fim.

Se a dúvida permanece, a ativação da Heineken no Rio de Janeiro, relatada na última edição do Boletim Máquina do Esporte, é um bom exemplo: a Fórmula 1 ainda fascina o público. Um pouco, é verdade, pela nostalgia de quando o Brasil era vencedor no esporte. O sucesso da camisa corintiana com a marca de Ayrton Senna é uma boa amostra do quanto esse sentimento permanece vivo na memória do país.

Mas há outro fator fundamental: a presença física da Fórmula 1 no Brasil. Se houve um afastamento popular da categoria, ela sempre esteve no círculo dos brasileiros, pelo menos uma vez por ano. Essa importância pode ser vista nos Estados Unidos. Segundo a Nielsen, a porcentagem de americanos interessados na competição saiu de 17% para 21% desde 2012, quando o país voltou a receber um evento.

E a tendência é de crescimento nos próximos anos, graças a uma gestão mais moderna e muito mais acessível da categoria. A Liberty Media entrou há pouco tempo, e é natural que avanços comecem a ser mais fortemente perceptíveis nos próximos anos. A agência parece ter colocado a competição de volta ao seu tempo, o que deve reforçar a ideia de um esporte menos de nicho e mais próximo do entretenimento. Como a Heineken deixou claro no fim de semana, os carros são uma grande experiência festiva para o público, qualquer que seja ele.

É muito difícil imaginar que a Fórmula 1 consiga o velho apelo no Brasil. A popularidade de Senna resistiu mais do que o esperado, com audiências altas até os anos de Felipe Massa na Ferrari. Agora, no entanto, é difícil imaginar uma recuperação tão grande, muito pelo fato de Senna ter sido uma grande exceção na idolatria nacional. Mas isso não significa que a Fórmula 1 tenha deixado de ser um grande produto para o mercado.

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