O Figueirense recorreu a um velho clichê da gestão esportivas: times de futebol precisam virar empresa para sobreviverem. O presidente do clube, Wilfredo Brillinger, cravou de forma enfática: “O atual modelo está falido”. Agora, o futebol da agremiação será gerido por um fundo de investimento.
Costumo invejar quem afirma que virar empresa é solução para o futebol. Significa que as pessoas tiveram experiências profissionais muito melhores do que as minhas. Algumas das companhias em que trabalhei certamente estariam rebaixadas se fossem times de futebol. Ter lucro como objetivo nunca foi sinônimo de boa gestão.
De forma que, se o atual modelo está falido, a culpa é exclusivamente dos dirigentes atuais. A lógica é simples: não há nada que o fundo de investimento fará no Figueirense que os próprios profissionais do clube não poderiam fazer. Claro, o valor a ser investido logo no primeiro ano dificilmente seria levantado, mas ele não é significativo em um acordo que abrange duas décadas.
O que falta aos clubes é gestão altamente profissionalizada, como acontece em algumas companhias. A minoria delas, por sinal. Caso isso aconteça, é melhor que o time não seja uma empresa: o repasse do lucro será a ativos da equipe, e a prioridade sempre será definida pela entidade. Valerá então, por exemplo, não maximizar a receita em um momento para ter êxitos esportivos.
Na prática, pouco importa a razão social do time de futebol. Real Madrid e Barcelona, por exemplo, são clubes. Por outro lado, o Bahia virou “S/A” no fim dos anos 1990, e o resultado esportivo foi a terceira divisão do Campeonato Brasileiro.