É difícil conceber que um jogo de um time americano recém-criado contra outro também recém-criado tenha 60 mil pessoas no estádio enquanto uma das maiores rivalidades do Brasil faça uma partida para 18 mil espectadores, caso de São Paulo e Corinthians no último domingo. Mas, observando a preocupação do Orlando City em atrair o torcedor, fica mais fácil de aceitar.
Em uma mistura de arrogância com incompetência, o futebol brasileiro insiste em ignorar a promoção do próprio espetáculo. Parece que, para dirigentes, por se tratar da “paixão nacional”, o jogo em si é o suficiente para lotar estádios. Obviamente, não é verdade.
A promoção do Orlando City se deve menos à expertise americana em ativação e mais à necessidade de fazer com que o futebol se torne um hábito para aquelas pessoas que foram ao estádio. O esporte e o time têm que ser mais conhecidos, mais adorados. Em campo, há, inclusive, menos espetáculo. Considere, por exemplo, que o astro da tarde, Kaká, estava no Morumbi em 2014.
O esporte brasileiro não é tão leigo em se promover como se poderia imaginar. Uma boa prova disso está na Stock Car, que tem insistido em eventos para não cair no ostracismo. A Corrida do Milhão e a corrida em duplas, e agora com pilotos de destaque, são provas de uma preocupação que não existe no futebol.
E o Orlando City deu uma pequena amostra de que tornar o estádio em um centro de entretenimento, mais amigável e convidativo, não é algo que exige um grande investimento, como acontece em um Super Bowl.
Está na hora de clubes, federações e patrocinadores perceberem que falta ao futebol ações que o tornem mais atraentes aos consumidores. A tal da paixão ao esporte está, por aqui, limitada a um público que não vai sustentar estádios e espetáculos. E, para um público novo, é preciso agir como se tudo começasse do zero. Como lá na Flórida.