Análise: futebol grita, mas permanece imóvel

Faz alguns anos que agentes diversos do futebol têm falado grosso. Revoltam-se contra a total desorganização que sempre dominou os gramados brasileiros. Mas impressiona o quanto pouco se andou, em comparação aos gritos que ecoam.

Na última semana, foi a vez do presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, disparar: “É o país da desorganização do futebol”. Sua justa reclamação era por ter jogos do Campeonato Brasileiro em data Fifa. Clube brasileiro é punido quando tem jogador de seleção nacional.

Mas Aidar não pode ser vítima; ele é presidente do clube que mais faturou em 2013. Por seus interesses, ele deveria ter mão de ferro para compor um calendário minimamente aceitável. Deveria ser ele uma das principais vozes pela união dos clubes. Mas, quando assumiu o posto, chegou a chamar o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, de “patético”. Estava claro o desinteresse em uniões.

O calendário, aliás, era uma das principais bandeiras do Bom Senso FC. Mas alguns eventos na última semana deixam claro que o grupo já ficou para a História. No Coritiba, os jogadores entraram em campo com uma faixa fazendo referência aos três meses de salários atrasados. O Bom Senso ameaçou greve e falou alto em 2013. Mas um ano depois, ninguém apareceu para um caso tão gritante.

No fim, todo mundo fala alto, mas ninguém move um dedo para mudar o futebol brasileiro.  

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