Análise: Futebol, no Brasil, só é bom negócio para advogado

“O sistema é muito ruim. Qualquer dirigente só pensa no próprio clube, não existe um pensamento único, que seja pelo bem do futebol”. Essa frase foi dita por Peter Siemsen, presidente do Fluminense, ontem, durante entrevista ao programa Seleção Sportv.

Poderia ser uma síntese perfeita de um dos problemas que acomete o futebol brasileiro, se não tivesse sendo usada pelo próprio Peter para justificar o motivo que levou o seu clube a ingressar com um pedido para anular o jogo contra o Flamengo após polêmica envolvendo a marcação de uma irregularidade no que seria o gol de empate do Flu durante o clássico.

A frase, no contexto em que foi inserida, fica completamente sem sentido. Se o dirigente acredita que é oneroso ao negócio do futebol existir a chance de anular o resultado de uma partida por meio de um tribunal de justiça do esporte, então por que o utiliza?

Como o STJD aceitou o pedido de análise do jogo, agora o Campeonato Brasileiro, eletrizante, tem um asterisco na tabela que deixa o torneio sub júdice até que os advogados decidam se a marcação do árbitro (que no fim das contas foi correta), poderia ou não ter sido feita com um auxílio externo.

Logicamente a decisão levou a um efeito cascata, e o Figueirense também se sentiu no direito de pleitear a anulação do jogo com o Palmeiras.

Daqui a pouco, regulamento de futebol vira bula de remédio. E o advogado será o único a de fato faturar algo com o negócio da bola no Brasil.

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