Análise: Futebol precisa rever espaço da mulher

Alguma coisa mudou no Dia Internacional da Mulher. Há bem pouco tempo, a data servia para presentear as parceiras com flores ou bombons. Pouco se lembrava da origem da data na pretensa morte de operárias no incêndio de uma fábrica nos EUA durante movimento grevista.

Neste ano, o caráter reivindicatório emergiu, com manifestações por igualdade de gênero e pelo empoderamento feminino. O esporte não ficou imune a isso.

A melhor ação no país foi promovida pelo Cruzeiro. Em parceria com a ONG AzMina, a iniciativa aconteceu na vitória sobre o Murici, pela Copa do Brasil.

O clube aproveitou os números dos jogadores para apresentar estatísticas alarmantes sobre a condição da mulher. Assim, “A cada dez jovens, 8 sofreram assédio” e “A cada 11min, um estupro” foram mensagens nas camisas de Henrique e Alisson, respectivamente.

É curioso como o arquirrival Atlético-MG, por outro lado, ainda não tenha abandonado estereótipos sexistas. No ano passado, no desfile de apresentação da nova camisa do time, foram escaladas modelos de biquíni, causando revolta entre as torcedoras.

Na época, questionado pela Máquina do Esporte, Domênico Bhering, diretor de comunicações do Atlético-MG, minimizou o incidente. “Fazemos o desfile desse jeito há muitos anos. Sempre foi assim.”

Era de se esperar que a lição fosse aprendida para 2017. Não foi o que ocorreu. Durante evento de pré-Carnaval promovido pelo clube nos arredores do Mineirão, as modelos apareceram com nova função: distribuir cerveja gratuita aos sócios-torcedores. Atleticanas voltaram a chiar com o uso de “mulher-enfeite”.

Os tempos são outros. As mulheres invadiram os gramados e as arquibancadas. Querem ser ouvidas. Quem se atentar a isso, já sai na frente. No clássico mineiro, o Cruzeiro marcou um golaço. 

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