A ganância parece ter tomado conta do comando do futebol, especialmente depois que Joseph Blatter deixou o comando da Fifa pela porta dos fundos para não ser preso imediatamente por corrupção.
Desde 2015, com o vácuo de poder aberto pela saída do suíço, que um jogo de novas forças passou a tomar conta do futebol. Além da disputa pela capacidade de mandar, a ganância por buscar mais dinheiro parece mover clubes e entidades para uma disputa que pode acabar vitimando o próprio futebol no longo prazo.
A bomba da vez foi a matéria do “Der Spiegel” que mostrou a troca de mensagens entre dirigentes de clubes se articulando para criar uma “Super Liga” com os 16 times mais poderosos da atualidade no futebol europeu. Líderes em seus países, eles abririam mão até mesmo da Liga dos Campeões da Uefa, o torneio mais prestigioso do mundo, para abraçar esse novo projeto.
A resposta da Uefa a isso vem em moeda parecida. A entidade cogita criar uma “Série C” da Liga dos Campeões e, quem sabe, fazer das competições europeias a atração dos finais de semana, transferindo os campeonatos nacionais para o meio de semana, quando há uma logística mais complicada para o torcedor ir ao estádio.
Além disso, a entidade decidiu peitar a própria Fifa e criou este ano um novo campeonato entre seleções exatamente nas datas em que antes se jogavam amistosos entre nações de todo o mundo. Resultado? Os europeus e sua Liga das Nações se fecham para o restante do mundo da bola.
E o que a Fifa faz nessa história? Impulsionada por petrodólares da Arábia Saudita, a entidade quer colocar em votação um projeto que amplia o tamanho do Mundial de Clubes, que passaria a ser jogado em diversas datas e traria premiação bilionária.
Existe, por trás de todas essas ações, uma motivação clara trazida pelo dinheiro.
Um estudo recente da consultoria PwC mostra que, nos Estados Unidos, a verba de mídia se tornou a principal fatia do bolo de arrecadação do esporte. Empresas de streaming têm injetado uma grana considerável para ter cada vez mais um produto de qualidade para ser consumido por assinantes. Essas marcas, agora, querem o futebol para crescer dentro de uma escala global. Daí essa busca pelos clubes e entidades com verbas bilionárias e projetos mirabolantes para criar um produto de apelo mundial.
O segredo do esporte nos EUA é ter esse crescimento sem mudar em nada as competições existentes. O risco do futebol é a ganância criar um racha difícil de curar.