Há uma semana, este espaço foi usado para exaltar o poder de transformação que o esporte consegue promover. Usava, como contexto, a união das Coreias em time dos Jogos Olímpicos de Inverno e a bonita campanha da Nike pela igualdade. Na quinta-feira (25), houve mais uma vez um gesto a ser admirável. Dessa vez, por atletas que ainda estão na adolescência.
Após a decisão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, os jogadores do São Paulo, time derrotado pelo Flamengo, pegaram suas respectivas medalhas e resolveram se manter próximos do palco montado pela Federação Paulista de Futebol. Os atletas bateram palma para os vencedores que subiam para celebrar a conquista.
Pode parecer piegas, algo com menor valor em um cenário de diversos problemas que o futebol enfrenta. Mas o esporte envolve uma relação de disputa, e o respeito ao adversário e à própria derrota são os fatores que fazem desse segmento uma importante ferramenta de transformação social.
É a contracorrente de algo visto sistematicamente no Brasil e em outros lugares do mundo: o segundo colocado cumprir o protocolo de medalha e imediatamente tirar o adorno, com a lustrosa face da insatisfação. Um gesto mesquinho que, de tão comum, passou a ser ignorado.
Vale a recordação que no próprio São Paulo a vistosa insatisfação com o vice já virou notícia, e justamente com o ídolo Rogério Ceni. Em 2006, após perder a Recopa, o goleiro atirou a medalha de prata na torcida. Depois, tentou se explicar ao dizer que era um presente aos torcedores. Meses depois, encerrou a polêmica ao jogar uma medalha de ouro na arquibancada, dessa vez com um sorriso no rosto.