Nas últimas semanas, sem muito alarde (como costuma ser quando vai promover alguma mudança), a Globo tomou três atitudes inéditas no futebol que podem ter enorme impacto no negócio a partir de agora.
A primeira decisão foi abrir um jogo exclusivamente para o streaming, com a transmissão de Grêmio x Athletico-PR chegando a meio milhão de pessoas. A segunda, foi de fazer uma transmissão exclusiva para o público fanático pelo game Cartola FC. E a terceira, revelada ontem na Máquina do Esporte, de ter o primeiro jogo com transmissão ao vivo para todo o Brasil dentro do Campeonato Brasileiro.
Essas três decisões tomadas pela emissora mostram que, finalmente, a Globo tem entendido que o futebol precisa ser um negócio para ela não apenas na TV aberta mas em todas as plataformas. E isso pode interferir positivamente em toda a cadeia do futebol brasileiro no médio prazo.
Ao mandar um jogo ao vivo só pelo streaming, a Globo reforça para o consumidor a importância dessa plataforma. Num cenário em que o 5G deve chegar a galope muito em breve, é uma forma de começar a mostrar que existe alternativa à TV.
O segundo passo, de fazer a transmissão voltada para o Cartola, tem como pano de fundo uma aproximação com o público mais jovem. Criar um produto que converse com linguagens distintas para públicos distintos deveria ser obrigação dos nossos clubes, mas, já que eles não tomam a dianteira desse negócio, ter a emissora preocupada em promover o Brasileirão para o torcedor mais jovem é um alento para o produto continuar valorizado.
Por fim, ao deixar mais jogos nacionais, a Globo fortalece como um todo o Brasileirão e, além disso, abre mais espaço para o crescimento do PPV. Como antes a grade de transmissão sempre foi pensada em valorizar o campeonato na TV aberta, o torcedor se acostumou a ver seu time ao vivo e de graça. Essa mudança de conceito é vital para que o produto se valorize e, assim, o mercado como um todo cresça.
Finalmente a Globo entendeu que não é a TV aberta quem detém os direitos sobre a competição, mas sim todas as mídias do grupo. O problema de tudo isso, mais uma vez, é que quem toma a dianteira para cuidar do produto não é o dono do Campeonato Brasileiro, mas uma das emissoras que detém os direitos de transmissão. Lá na frente, quando forem renegociar os direitos, os clubes precisariam entender que quem tem de zelar pelo Brasileirão não é a TV que o transmite, mas eles mesmos.