Análise: Goiás mostra “Lado B” de marca própria

Há alguns anos, o futebol brasileiro vive uma tendência de marcas próprias para a confecção de uniformes para equipes das principais divisões. É uma solução para quem não consegue contratos milionários das grandes marcas, mas quer receber mais com a venda de camisas. Nesse pelotão, estão clubes tradicionais, como Bahia e Coritiba. Eles cantam vantagem com o novo modelo, mas, nesta semana, a Goiás explicitou o outro lado dessa estratégia.

Para lançar o novo uniforme, a estreia da marca própria “33”, o clube fez um vídeo desastroso para as redes sociais. Com mulheres em poses sensuais, o conteúdo que deveria ser uma chamada para a nova camisa pareceu um trailer de filme adulto. Obviamente, o clube sofreu uma enxurrada de críticas nas redes sociais, potencializadas por um ano de conquistas das mulheres no mundo do futebol.

O erro mostra uma das questões-chave da produção de um uniforme próprio. Ao excluir da conta uma grande empresa do ramo, perde-se um braço profissionalizado na gestão do esporte. Isso afeta aspectos como a qualidade do material, a distribuição e, nesse caso específico, a promoção de produtos licenciados.

Ao Globoesporte.com, o presidente do Goiás, Marcelo Almeida, afirmou não ter enxergado “excesso ou sexismo” no vídeo. O fato entrega apenas que ele está à parte do universo da comunicação, o que não deveria ser necessariamente um problema. Desde que, claro, existam outros filtros. E o principal deles deveria vir da companhia que produz e divulga os novos uniformes do time goiano.

Obviamente, ter uma marca não impede que problemas ocorram. Em 2016, o Atlético Mineiro promoveu um desfile de mulheres de biquíni para apresentar a nova camisa da Dryworld. O uniforme, por sinal, tinha a frase “entregue à sua esposa” na etiqueta, com instruções de lavagem. Uma tragédia. Ainda assim, a responsabilidade esteve muito mais com a companhia, que se mostrou uma completa aventureira no mercado brasileiro alguns poucos meses após fechar com equipes do país.

É muito mais difícil imaginar que esse tipo de bobagem ocorreria com a fornecedora anterior do Goiás, a Topper. No fim, o time goiano dá uma lição importante aos outros times: gerir uma marca própria vai além da própria produção. Se houver interesse em excelência nessa estratégia, é preciso uma estrutura que supra o know-how de uma grande empresa. Inclusive no marketing.

 

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