Análise: há um limite para o entretenimento no esporte

O vôlei é um dos esportes de mais vanguarda que há. E, talvez, isso explique duas situações únicas da modalidade. É um esporte que atrai o jovem e tem uma constante renovação de perfil de público. Mas, ao mesmo tempo, é difícil de fincar raízes com torcedores fanáticos e times tradicionais como fazem basquete e futebol.

O que talvez explique um pouco essa “fuga” de fãs é o fato de o vôlei ser um esporte avesso às tradições.

Está em constante renovação, buscando tornar mais imprevisível uma partida, adaptar-se sempre às exigências das empresas de mídia e, ainda, ter mais apelo ao público jovem.

A nova aposta é transformar o jogo da modalidade num grande espetáculo de entretenimento para o público. É, obviamente, uma medida louvável. O fã dita um pouco o rumo do esporte. Mas será que isso é bom para reter os torcedores que já curtem o esporte?

Há um tremendo risco de se “banalizar” mais uma vez a modalidade, deixando em segundo plano o esporte para investir diretamente no espetáculo. Pode parecer um contrasenso, mas há um motivo simples para evitar que o esporte seja menor que o show.

Diferentemente da indústria do entretenimento como um todo, no esporte há um componente emocional muito grande que é o que cria o vínculo da pessoa com a modalidade. Ao se tornar mais espetaculoso um jogo de vôlei, corre-se o risco de desagradar o fã que é a razão de ser do esporte.

O entretenimento é vital para dar mais vitalidade e rejuvenescer a base de fãs do esporte (a F1 que o diga). Mas ele não pode, em nenhuma hipótese, modificar a cara de uma competição.

Esse parece ser o maior risco da inovação proposta agora pela FIVB.

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