Análise: Hábito pesa mais que conteúdo na TV

A Globo fará um teste em sua grade de programação no próximo domingo (4), conforme adiantou com exclusividade a Máquina do Esporte. A emissora transmitirá o clássico entre Corinthians e Palmeiras (assim como Atlético-MG x Cruzeiro e Vasco x CSA) na faixa das 19h de domingo, graças a uma necessidade de agenda do time do Parque São Jorge. E a tendência é que as equipes saiam no prejuízo com essa estratégia.

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O problema é que a audiência da televisão está mais ancorada no hábito de consumo dos telespectadores do que propriamente no conteúdo exibido. E, neste momento, a faixa da tarde tem mais valor do que o início da noite. O Ibope tem mostrado que o futebol rende maior audiência média do que o Domingão do Faustão. A simples mudança de horário não sugere uma migração de público, pelo menos em curto prazo.

A maior prova disso é o constante fracasso da Globo quando existe a necessidade de transmissão do futebol no sábado. Nos últimos anos, houve até jogo do Corinthians no primeiro dia do fim de semana com 13 pontos de audiência, algo impensável para o domingo.

A Globo, claro, tem todo o direito de testar novos horários; nada impede a emissora de mudar a faixa das transmissões conforme sua conveniência. Mas, como teste, a experiência de domingo não deverá valer muito. Com a partida isolada no horário, não haverá como mensurar de fato o apelo da mudança, simplesmente por não ter o hábito estabelecido. E, além disso, o clássico paulista tem um histórico especial e dificilmente não terá uma audiência alta.

Por outro lado, a medida é uma demonstração de força do futebol. Ao mudar a programação para levantar a audiência de um determinado horário, a Globo mostra o quanto o esporte mais praticado no mundo tem peso para a emissora. Ter um grande clássico pode garantir uma audiência maior ao Fantástico, jornal semanal que já conta com os gols da rodada como um dos principais atrativos na noite de domingo.

Para ter a ideia do real impacto da mudança na programação, o longo prazo é fundamental. E a Globo, obviamente, sabe bem disso. Neste ano, ao perder audiência nos primeiros jogos no novo horário de quarta-feira, às 21h30, a própria emissora ressaltou a necessidade de ter mais tempo na temporada para aumentar o número de espectadores.

A vantagem para a Globo é a enorme capacidade da emissora na promoção dos eventos. Um bom exemplo recente foi a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que alavancou a audiência de horários alternativos para o futebol na grade do canal.

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