O que faz a paixão pelo esporte existir? Por mais que tenhamos o discurso de que as instituições são sempre superiores aos astros, é inegável que o ídolo é fundamental para atrair as pessoas para uma competição.
Na Copa América maltratada pelo calendário do futebol brasileiro, em que pouco tempo houve para falarmos sobre a competição antes dela começar, a presença de Lionel Messi se transformou no grande atrativo para o torcedor. Por mais centenária que seja a disputa, por mais interesse que exista pelo futebol, é o ídolo quem cativa.
Esporte mais popular do mundo, o futebol costuma usar pouco a imagem dos jogadores para promover suas competições. Geralmente, falamos muito sobre a história dos torneios, buscamos informações sobre os grandes jogos e quase nunca nos apegamos aos ídolos para promover a competição. Essa Copa América talvez seja a última chance que teremos de ver, aqui no Brasil, Messi em campo. É bem provável que, quando o torneio voltar ao país, o camisa 10 da Argentina já esteja aposentado.
Nos estádios, o torcedor já deu mostras de que percebeu isso, tanto que tem comparecido com mais afinco aos jogos da Argentina nessa primeira fase.
O corte de Neymar foi, para a Copa América, um golpe de azar. Poderíamos ter, desfilando pelos gramados brasileiros, os principais jogadores de Barcelona e PSG (já que ainda os “coadjuvantes” uruguaios Suárez e Cavani estão por aqui). O que isso poderia render de pauta para a imprensa e engajamento para a organização?
Mas, mesmo sem Neymar, temos por aqui alguns dos maiores jogadores da atualidade. E o que fazem os organizadores da Copa América com essa informação?
Os dirigentes esportivos da América do Sul esqueceram a importância de usar o ídolo para promover seus eventos. É algo que deveria ser papel deles e da mídia de ancorarem seus esforços em melhor promover a competição para o público. Seja pelo interesse financeiro direto, seja pelo indireto, gerado pelo aumento do interesse do público em acompanhar o torneio não apenas dentro de campo mas também pela mídia.
Mesmo eventos badalados, como a NBA e a NFL, utilizam a história dos jogadores para ampliar o interesse das pessoas em suas competições. Por que os dirigentes sul-americanos não conseguem olhar para o ídolo como um trunfo nesse sentido?
Por mais que as competições se tornem gigantes, os ídolos são a essência de qualquer disputa. A Copa América precisa usar mais esse trunfo para crescer na reta final.