Análise: Ídolos precisam se tornar sócios de clubes

A associação entre Corinthians e Anderson Silva para montar a academia do Spider dentro da arena do clube mostra o quanto usamos pouco um recurso ótimo para os negócios no marketing esportivo: o ídolo.

Só neste ano, o Corinthians fez uma ação de enorme peso com Ayrton Senna e a nova terceira camisa do time. E, agora, vem esse negócio com o ídolo do MMA. O peso que os ídolos têm sobre o marketing quase nunca é visto como potencial de negócios dentro do esporte no Brasil.

Recentemente, com a necessidade de turbinar o sócio-torcedor, os clubes começaram a usar ex-atletas em algumas ações. Mas ainda essa associação é feita de forma relativamente tímida, sem passos mais contundentes.

Por que os clubes não conseguem enxergar nos ídolos um parceiro de negócios?

Um dos principais motivos, naturalmente, é a própria inércia do mercado. Não temos a cultura de pensar no crescimento ou fidelização da base de clientes. A realidade, quase sempre, é a necessidade de fechar a conta, mais do que qualquer outra. Assim, os departamentos de marketing assumem função comercial, tendo de dispender energia para gerar negócios, não para comunicar-se com o consumidor.

Além disso, falta aos ex-atletas uma cultura de trabalhar suas imagens. Quais são os ídolos que possuem alguém que possa trabalhar para gerar novos negócios?

O negócio entre Anderson Silva e Corinthians mostra que, existindo um pouco de trabalho focado em marketing, das duas partes, é possível gerar bons negócios.

Para os dois lados a associação entre as duas marcas é boa. Silva ganha um parceiro de peso para divulgar seu negócio. O clube consegue trazer para si um novo tipo de público. A força das marcas de ambos ajudam a promover o lançamento da academia. Na pior das hipóteses, se o negócio não vingar como o esperado, os dois tiveram boa projeção.

Quando contratou Ronaldo, em 2008, Luis Paulo Rosenberg disse que o Corinthians e o Ronaldo, separados, tinham um valor. Juntos, esse valor atingia novo patamar. A leitura vale não só para o caso de um jogador na ativa, mas também aos ex.

Curiosamente, neste ano, o Corinthians já resgatou dois ídolos, mas de outros esportes, para ações de marketing. Já passou da hora de os clubes enxergarem nos seus grandes nomes do passado excelentes parceiros de negócios para o presente.

Para resumir, no melhor estilo Dilma Rousseff: parece muito, não é quase nada, mas no fim é bastante coisa o que fizeram Corinthians e Anderson Silva nessa ação.

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