Em 2005, o Brasileirão sofreu um dos mais duros golpes de sua sempre conturbada existência: a revelação da Máfia do Apito, um escândalo de manipulação de resultados, forçou a anulação de 11 partidas do torneio. O evento, lembrado pelo advogado Pedro Trengrouse na matéria da Máquina do Esporte, mostra o lado mais obscuro das apostas esportivas.
Desde então, houve uma principal mudança na legislação do país, com efeito mais significativo: em 2010, um artigo foi incluído no Estatuto do Torcedor para criminalizar as fraudes esportivas. Caso acontecesse hoje, os envolvidos na Máfia do Apito teriam que responder criminalmente, o que não ocorreu à época. Sem nenhuma dúvida, essa é uma medida que ajuda no combate ao problema, mas está longe de resolvê-lo.
A grande questão é que hoje as casas/sites de apostas ocorrem livremente, com ou sem a proibição governamental. Atualmente, o drible jurídico é feito com facilidade, e não há quem vença com essa situação: as empresas não têm a abertura que gostariam, os consumidores não têm seus direitos básicos garantidos, e o esporte vive à beira da manipulação dos resultados.
Teoricamente, ao formalizar a atividade no Brasil, passa-se a ter maior controle sobre todos os aspectos do segmento, o que inibiria ações fora do esperado, além, claro, do ganho com impostos sobre apostas. Na Europa, o controle é mais rígido, mas isso também não evitou casos de corrupção. A Itália, por exemplo, sofreu com o problema ao longo da última década.
Por enquanto, o Brasil faz a única coisa que não deveria fazer: finge que nada disso existe. Esse é, sem dúvida, o pior dos caminhos a ser seguido.