Análise: Interesses comerciais não podem se sobrepor à ética no esporte

O título da coluna parece retirado de qualquer índice de dez mandamentos básicos do esporte. Por mais óbvia que pareça, a cartilha para ser uma empresa crível no mundo esportivo ainda encontra resistência. A Gazprom, patrocinadora da Fifa, é um exemplo de que o afã por visibilidade, muitas vezes, é maior do que o bom senso.

A petrolífera russa é a única empresa a se manter em silêncio desde que a crise de corrupção começou a assolar a entidade que comanda o futebol, no fim do mês de maio. Nenhum posicionamento, nenhuma crítica. Em meio à chuva de notas oficiais no fim da semana passada pedindo a renúncia imediata de Joseph Blatter, a Gazprom mais uma vez se calou e provou que seu vínculo com o futebol é tão raso, como ineficiente.

A companhia de gás fundada em 1989 assinou com a Fifa há dois anos. O acordo, contudo, só começou a valer no início desta temporada e vale até 2018, ano em que será realizada a Copa do Mundo na Rússia. A empresa também é patrocinadora da Liga dos Campeões da Europa, do Chelsea e do Zenit.

O volume de contratos no esporte afogado em corrupção pede uma ação mais contundente, uma relação mais visceral, uma postura menos condescendente e resignada. Se todo mundo se manifesta – contra, a favor ou em cima do muro, a característica taciturna da empresa não é a mais inteligente.

Com a ebulição do mercado, ainda que seja uma reação só para a torcida, o juízo de valor traz consequências para o futuro. Se para o bem ou para o mal, é o tempo quem vai dizer.

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