Análise: Já soube da nova piada do Brasileirão?

Parece piada. E, sinceramente, às vezes dá a impressão de que é mesmo. O futebol brasileiro tinha tudo para revelar ao mundo um conceito totalmente novo de transmissão via streaming. Uma plataforma que usa o jogo como motivação para faturar bastante com outros serviços ao torcedor e, dessa forma, oferecer o conteúdo gratuitamente ao fã. Na prática, esse é o conceito do Fanfoot.

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Logicamente, é a desenvolvedora do aplicativo quem levará a fama da novidade, caso o projeto montado por ela consiga obter o sucesso que projeta para a plataforma. Para isso mostrar-se viável, porém, dois grandes entraves já se apresentam. O primeiro é o desconhecimento do Campeonato Brasileiro para o público em geral. Não há tanto interesse em consumir o Brasileirão fora daqui por torcedores que não sejam brasileiros espalhados pelo mundo. E, aí, o potencial do mercado é reduzido. 

O segundo fator, e esse sim algo que só o Brasil consegue ainda produzir entre as grandes ligas de futebol do mundo, é a total incapacidade que temos de formar um grupo unido de venda de direitos. A plataforma de transmissão de jogos não poderá contar com Atlético-PR e Flamengo dentro dela. O Corinthians, por sua vez, assinou o contrato, mas poderá rompê-lo se surgir uma proposta melhor para ele. 

O futebol no Brasil ainda não entendeu de fato que, para crescer, precisa parar de pensar na grana fixa que tem a receber no curto prazo para almejar um trabalho de construção de identidade e força de marca, coisas que só são possíveis se houver minimamente uma união para a venda de propriedades comerciais do campeonato.

A FanHero e a BR Foot Sports Media compraram os direitos de transmissão e venda de publicidade estática do Brasileiro para o período de 2019 a 2022. Na mídia, achou a solução ao criar o aplicativo, que na verdade é o DNA da primeira empresa. Para comercializar as placas no campo, porém, não há qualquer conhecimento dos envolvidos. Pior ainda, não fazem parte do pacote os dois times mais populares do país.

Poderíamos ter trazido para o futebol brasileiro um conceito revolucionário de streaming, que provavelmente se transformaria na salvação dos esportes sem grande apelo além de um nicho de consumidores. Mas, por total desunião dos clubes, serviremos apenas como plataforma de testes para, muito possivelmente, a ideia ser replicada em outras ligas. Essas, entidades representativas de uma competição e com propósito de gerar dinheiro, saberão tomar para si o discurso de inovação.

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