O frenesi em que se transformou a apresentação de Cristiano Ronaldo à Juventus, com direito a transmissão em tempo real pelos principais portais do mundo (além, claro, das redes sociais do clube italiano), mostra que o futebol é dependente cada vez mais dos grandes craques.
Cristiano Ronaldo ofuscou até mesmo a Copa do Mundo com o anúncio da mudança de time após 9 anos no Real Madrid. Foi por isso que o português se tornou o assunto mais comentado do Twitter no período do Mundial. Os três gols na estreia de Portugal contra a Espanha foram colossais, mas a mudança de casa foi ainda mais.
Em 2003, quando montou o time de “Galacticos”, o Real Madrid usou o prestígio da Copa do Mundo do ano anterior para anunciar a equipe dos grandes craques. Era a seleção do mundo reunida num mesmo clube, para jogar toda a semana.
A manobra de ter Beckham, Figo, Zidane e Ronaldo na mesma equipe alçou o clube espanhol ao topo da lista das equipes mais ricas do mundo, posição que só foi retomada pelo Manchester United há dois anos, graças ao efeito Premier League.
Agora, a Copa do Mundo já não tem o mesmo peso. Não há uma corrida para ter Mbappé, Modric, Pogba, Kane e Hazard. Não é o talento que eles mostraram em campo que faz diferença para o clube. É muito mais negócio ter Cristiano Ronaldo, mesmo já se encaminhando para o eclipse da carreira, do que um novato como Mbappé, de enorme potencial esportivo, mas ainda engatinhando fora de campo.
No ano passado, quando lançou sua “Money League”, a Delloitte já apontava que o momento do futebol era das estrelas. A transferência de Neymar para o PSG já mostrava que os astros globais começavam a ditar o fluxo de dinheiro entre países.
Agora, a Juventus leva essa máxima a um novo patamar. O clube não é emergente. CR7 não precisa provar mais nada. A junção de ambos pode levar a uma poderosa combinação de resultado esportivo com aumento comercial significativo, o que pode fazer a Juve superar o combalido mercado italiano e se consolidar entre os cinco clubes de maior arrecadação no mundo graças à força de Cristiano na Ásia e nos EUA.
São nos países emergentes da bola, em que o culto ao ídolo é maior do que aos clubes, que a Juventus aposta suas fichas. E essa deverá ser a nova tendência do futebol daqui para a frente.
O clube vai valorizar ainda mais o ídolo, pois, com ele, poderá chegar a mercados nunca antes navegados. É a evolução do que fez o Real em 2003.