Análise: A lógica da quantidade x qualidade no patrocínio esportivo

Não fosse pelo placar indicando que Flamengo e Santos estavam em campo no último domingo, pouca gente conseguiria reconhecer a camisa consagrada na história do futebol mundial por Pelé. No afã para amortizar uma dívida de R$ 400 milhões, o clube acertou seis patrocínios pontuais para a partida. Somados aos acordos fixos e com o próprio escudo, o time da Vila Belmiro exibiu dez marcas no Maracanã.

A poluição visual pode ter rendido alguns reais aos cofres santistas, mas desvalorizou o que o clube tem de mais precioso: sua própria marca. Escondido entre nomes como Loja do Mecânico e Ice Creamy, o símbolo alvinegro parecia afogado em sua crise financeira, decadência administrativa e guerra de egos nos bastidores do clube.

Tão claro como a desordem no Santos, é a lógica de que o “loteamento” do uniforme é uma estratégia que empobrece a marca e denuncia a desvalorização das suas propriedades. Quem pode mais, exibe menos. Quem tem mais poder no mercado, não precisa de seis patrocinadores pagando ninharia por um jogo. Quantas são as marcas na camisa do Barcelona? Trazendo o contexto para o Brasil, Corinthians e Flamengo – por exemplo – mantêm suas identidades intactas, apesar de enfrentarem dificuldades financeiras.

A trajetória centenária do Santos não merece a mácula de uma gestão que não sabe reconhecer o valor do clube. Seis patrocínios pontuais não merecem comemoração. São sinônimo de incompetência, não o contrário. São o ponto de partida para analisar o que está errado na Baixada Santista.

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