Como o esporte deve encarar a mídia? Essa questão é recorrente em aulas e consultorias em que tenho participado na última década. E o Boletim de hoje é um prato cheio para conseguir entender um pouco o caminho.
O entrave entre Palmeiras e Globo pelos direitos de TV aberta e PPV do Brasileiro não pode ser visto apenas como uma questão financeira. O clube tem conseguido fazer jogo duro com a emissora como nunca ninguém fez em décadas, e isso é louvável. Mas será que a diretoria palmeirense calcula o prejuízo de imagem que terá ao abrir mão da exposição de mídia ao não ter todos os jogos do Brasileiro transmitidos?
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O “aperitivo” dessa ausência já foi visto no domingo (21). Após a rodada que decidiu os principais campeonatos estaduais, a chamada da Globo para o campeonato que começa neste final de semana tinha imagem de 19 clubes. O único ausente era o atual campeão. O torcedor, na hora, sentiu o baque. O fanático, sem pensar, foi às redes sociais vociferar contra a emissora, sem perceber que ela não tem o direito de mostrar a imagem do clube com quem não tem nenhum contrato assinado. Não foi boicote ou sonegação de informação. Foi apenas uma necessidade jurídica.
Por outro lado, outra reportagem deste Boletim mostra que o NBB teve recorde de audiência no Facebook na noite da última segunda-feira (22). E o sucesso desse recorde está, em parte, no fato de que há cinco anos a rede social é parceira da liga de basquete. A frequência constante do NBB nessa mídia mostra agora resultado. E o campeonato, que antes tentava ganhar espaço dentro do SporTV, mas não tinha todos os jogos exibidos, colhe aos poucos o resultado do projeto que prevê dois anos de pulverização das transmissões, tendo diariamente exposição em um veículo distinto.
Da mesma forma que o basquete ganha ao aparecer com mais frequência na mídia, o Palmeiras só tem a perder ao se ausentar da principal emissora que existe no país justamente no campeonato mais longo que há no calendário que é o Brasileirão. Os reflexos de uma ausência forçada vão começar a ser sentidos no médio prazo, quando o torcedor quiser consumir o clube e não tiver nenhum meio para fazer isso.
O segredo para o esporte, na mídia, está na longevidade do projeto. Construção de marca e conquista de cliente é um processo que leva tempo e depende de exposição. As grandes campanhas publicitárias do passado eram baseadas nesses conceitos. A mídia é o trampolim que o esporte precisa para ganhar relevância com o público.