Análise: Máfia de apostas mancha valores do esporte

No final de 1999, preocupado com o crescimento do uso de doping no esporte, o COI (Comitê Olímpico Internacional) patrocinou a criação da Wada (Agência Mundial Antidoping). Pouco mais de 15 anos depois, o esporte se mantém inerte diante de um novo mal que ameaça o esporte: a manipulação de resultados.

Segundo a Universidade Sorbonne, esse mercado movimenta por ano € 700 milhões no mundo, sendo que mais de 70% desse valor é fruto de jogos armados. Para o Centro Internacional de Segurança no Esporte (ICSS na sigla em inglês), esse quinhão é ainda maior: 80% do dinheiro movimentado pelo setor está manchado pela máfia das apostas. Futebol e tênis são os principais alvos dessas quadrilhas.

Como mostra o livro “Jogo Roubado”, do jornalista Brett Forrest, lançado recentemente no Brasil, as iniciativas das organizações esportivas para coibir esse crime ainda são tímidas. Diante da ameaça de manipulação em seu principal evento, a Copa do Mundo da África do Sul-2010, a Fifa esboçou uma atuação mais efetiva. Os esforços, porém, foram abandonados pouco depois do Mundial.

Vem do criticado Qatar a única iniciativa que busca um combate global ao problema, o ICSS. A entidade já firmou convênios com ONU, Unesco e Conselho Europeu, além de abrir escritórios em Londres, Paris, Genebra e Doha. É pouco.

A Interpol ainda não se conscientizou sobre a gravidade do crime, hoje comandado por quadrilhas internacionais. Os governos, por sua vez, não perceberam o manancial de evasão de impostos e lavagem de dinheiro que o mercado de apostas proporciona. E finalmente, as entidades esportivas não podem deixar de lado a luta pela lisura do jogo. Afinal, manipular resultados subverte os valores do esporte da mesma maneira que o doping.

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