Análise: Mais do que digital, F1 precisa ser jovem

Desde que assumiu o controle da Fórmula 1, a Liberty Media conseguiu tirar a categoria do passado no qual ela havia se escondido sob a gestão autoritária e retrógrada de Bernie Ecclestone, o mandatário que dizia não querer pensar em ver a categoria usando redes sociais porque isso atrairia para a F1 jovens que “não tinham dinheiro nem para comprar um Rolex”.

Agora, quando a Liberty divulga que conseguiu uma arrecadação recorde de US$ 10 milhões com o meio digital, a F1 mostra que finalmente conseguiu entrar na era do digital. Antes sinônimo de inovação, a competição havia perdido sua força de se mostrar sempre como uma disputa glamourosa, veloz, conectada, inovadora, jovem.

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O problema é que esse movimento já começa com atraso. Enquanto o mundo se transferia para o digital, a Fórmula 1 seguia um caminho de busca pelo dinheiro da forma antiga. Foi assim que a categoria deixou os principais centros comerciais e se mandou para países emergentes. O glamour da Europa foi substituído pelos dólares de Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Azerbaijão, Cingapura. Com foco no fã, e não em quem paga pelo direito de ter a corrida, o equilíbrio no calendário agora voltou.

Dois outros fatores desconectavam ainda mais a categoria do jovem. A exploração da figura do carro e da mulher como objetos de desejo, que marcaram o sucesso da F1 nos anos 70 e 80, não são mais os fatores determinantes do poder. Se antes a defesa desse estilo de vida era a razão de ser da categoria, agora ela era um dos motivos para as pessoas, especialmente os jovens, não se verem representados dentro dela. O fim das grid girls neste ano é a síntese da busca por uma nova imagem para a categoria.

Agora, o desafio é fazer a F1 crescer entre os jovens. Os primeiros passos foram dados com a entrada no digital. O próximo é fazer o jovem se interessar por aquilo que é ofertado. As transmissões pela TV começam a buscar deixar o evento mais parecido com os jogos de videogame. A busca por uma competitividade maior entre os pilotos, destacando a emoção das ultrapassagens, o espetáculo de um acidente e tudo o que realmente torna uma disputa estimulante para o leigo é o foco atual.

O maior problema é que, enquanto a F1 dormia em berço esplêndido, outras modalidades foram atrás dos atributos que conferem ao esporte um poder enorme de atração. A F1 é um esporte de nicho e, aparentemente, entendeu isso. 

O desafio, agora, será rejuvenescer o público que consome o esporte.

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