A série de ativações que o Itaú fará em Miami mostra que o mercado brasileiro de esporte ainda não entendeu que é preciso dar às marcas boas ofertas de eventos e ações para o público para poder ter bons patrocínios.
Em Miami, o Itaú fará muito mais ações do que nos anos em que esteve no Rio Open. O principal motivo para isso não é o dinheiro, mas a oportunidade. Maior torneio de tênis da América do Sul, o ATP 500 brasileiro não consegue competir, em tamanho e atratividade, com a competição americana, que talvez hoje seja uma das mais marqueteiras de todo o circuito de tênis. O problema não é o Rio Open. Pelo contrário. Ele é o único cisne dentro de um mercado recheado de patinhos feios.
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Faltam opções atrativas para as marcas investirem no Brasil. Como o futebol não se organiza para dar um produto atrativo às empresas, elas precisam buscar outras opções, geralmente no exterior, para satisfazer suas estratégias de marketing. É só o esporte olhar para o mercado de shows para entender essa realidade. Por aqui, não são apenas o Rock in Rio e o Lollapalooza que atraem as marcas. Produzimos diversos shows de grande e médio porte, quase todos com seu leque de patrocinadores.
E o esporte? Quais outros eventos bem organizados, para suas diferentes tribos, são ofertados? De que forma podemos engajar o torcedor e conectar as pessoas com o mercado? Falta ao esporte o empreendedorismo de realizar maiores saltos.
Para piorar a situação do mercado brasileiro, o esporte no exterior parece que cansou de esperar que acordássemos do berço esplêndido. Cada vez mais surgem propostas de patrocínio das ligas e equipes estrangeiras para as empresas no Brasil. Não é só o Itaú que faz a farra com seu cliente em Miami. A Nescau aproveitou a força da NBA para isso, lançando até lata personalizada dos times de basquete… dos EUA! A Nivea explora muito bem o PSG por aqui, já a Gillette se escora no Barcelona… Isso sem falar em Nissan, Heineken e Santander rolando a bola na Liga dos Campeões.
Vontade de investir em esporte não falta para as empresas. O entretenimento não perde dinheiro já tem muito tempo. Nos últimos anos, conseguimos reduzir o abismo que nos separa do restante do mundo ao investir em infraestrutura esportiva.
Falta-nos, agora, ter coragem de produzir eventos que sejam atrativos para o mercado anunciante. O mercado de shows já faz isso. Até quando o esporte vai viver de lampejos de boas oportunidades e consolidar de vez a sua indústria?