No momento em que a mascote da seleção de vôlei desceu de tirolesa pela Arena da Baixada, ficou claro o quanto uma moderna estrutura pode engrandecer eventos esportivos no Brasil. Nesta quarta-feira, com o Atlético Paranaense fora de seu estádio, a realidade volta a bater à porta; é o tal do ‘match day’ que ainda está distante.
A troca do jogo da Libertadores pelo evento de vôlei é a maior prova de que a ideia do ‘multiuso’ permanece viva como questão fundamental na saúde financeira de um estádio. Só que esse ainda é um cenário distante do que se vê nos principais estádios europeus.
O maior case de arenas na Europa é o Emirates Stadium, a casa do Arsenal. Os números são impressionantes: logo no primeiro ano, o time mais que dobrou o ganho com ‘match day’, de 37,4 milhões de libras para 90 milhões. E, em dez anos, o clube teve um aumento de 224% nos ganhos com patrocínio, muito graças aos atrativos de suas novas arquibancadas.
Com esses ganhos, o Arsenal jamais abre mão do futebol em seu estádio. Shows acontecem apenas após o fim da temporada. Há eventos quase todos os dias no local, mas eles não chegam próximos do faturamento gerado pelo calendário do futebol.
O conceito de multiuso por lá é aplicado no quanto o estádio pode se desdobrar para atender uma partida do time. Restaurantes, camarotes e luxuosas áreas corporativas se transformam para gerar milhões de libras, para se tornarem cada vez mais atrativas aos patrocinadores.
Grandes eventos são ótimos para gerar receitas, mas não garantem a sustentabilidade de um estádio. Tirar o grande jogo de uma arena é ir na contramão de qualquer manual.