Dar voz ao futebol feminino virou uma espécie de mantra das empresas nesse segundo semestre. A proximidade da Copa do Mundo, a primeira que teve transmissão da Globo, motivou as marcas a aproveitarem o momento para se destacarem dentro de um universo ainda pouco explorado.
Mas o que mais nos chamou a atenção quando começamos a cruzar os resultados da pesquisa sobre futebol feminino foi o quanto o público sabe distinguir muito bem quem é patrocinador de quem não está junto da modalidade e só se aproximou dela por conta do período da Copa. O levantamento que fizemos com 861 torcedores mostrou que eles são muito maduros em relação a quem está envolvido no esporte.
LEIA MAIS: Nike domina atenção do público no futebol feminino
Muito por conta da falta de investimentos na modalidade, quem acompanha e consome o futebol feminino sabe identificar com muita clareza quem está envolvido no esporte. E isso é muito interessante, já que as marcas procuram o patrocínio exatamente para não ser só mais uma na multidão de informação que nos inunda nos dias atuais.
E, nesse cenário, a maturidade do fã do futebol feminino não pode ser desprezada. Pelo contrário, ela se torna uma ótima aliada para fazer o investimento.
Ter um esporte em que o público sabe identificar e valorizar quem patrocina é o cenário ideal para as marcas investirem. No caso do futebol feminino, o aumento do interesse da mídia em realizar a cobertura do esporte faz crescer ainda mais os olhos para a modalidade. O próximo passo, agora, é quebrar os preconceitos.
Nesse contexto, o futebol feminino precisa se livrar de um enorme problema. A comparação constante com o futebol masculino. Colocar as duas modalidades num mesmo balaio é uma visão completamente equivocada de como trabalhar o esporte.
O crescimento mundial do futebol feminino está baseado na premissa que os gestores tiveram na Europa de que eles não vendem o futebol, mas o futebol feminino. Basta observar que a Uefa conseguiu, na Champions League, fechar com todas as marcas concorrentes daquelas que já estão na competição masculina. Isso é mais dinheiro entrando diretamente para ser investido no torneio para as mulheres.
LEIA MAIS: Nike segue Visa e fecha com futebol feminino da Uefa
Com um cenário de menor concorrência e audiência em alta (tanto na mídia quanto nos estádios), o futebol feminino tem um trunfo que poucos esportes conseguem. O torcedor que acompanha a modalidade tem crescido e, ao mesmo tempo, sabe distinguir quem é que está ao seu lado nessa paixão. Isso não pode ser desprezado.