Há um mal cultural do Brasil – como os eventos do último domingo demonstram – em querer resolver problemas complexos com medidas paliativas, sem um plano que possa abranger os pormenores da questão em longo prazo. No fim, os conflitos se perpetuam sem qualquer alteração. Infelizmente, a violência no futebol é tratada também dessa forma.
Aqui, o assunto é, invariavelmente, combinado sem diálogo, sem um plano que compreenda as particularidades do problema e sem nenhuma referência a tantos projetos que foram bem-sucedidos ao redor do mundo. As medidas tomadas, como as apresentadas pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, são repetições de tantos exemplos que naufragaram nas últimas décadas.
Algumas, inclusive, chegam a ser irrisória. É o caso da proibição de venda de ingressos na bilheteria, como se isso fosse a origem de grave empecilho. Atualmente, o torcedor não pode entrar nem com papel em um estádio de São Paulo. A justificativa é que o material é inflamável…
Outras medidas são reconhecidamente vãs. A tal da torcida única em clássicos foi usada na Argentina, mas a medida passou longe da solução. Como no Brasil, as brigas ocorriam longe dos estádios. Outro exemplo é a proibição de torcidas organizadas, algo que se repete sistematicamente no país desde os anos 90, sem nenhuma efetividade.
Está na hora de o assunto ser tratado com maior seriedade, tanto para a segurança pública quanto para a promoção do esporte no país. E isso vale para todos os agentes que fazem parte do futebol, atletas, imprensa, clubes, dirigentes, torcida…