Análise: Megaeventos mexem com imagem, não com economia

A menos de 100 dias para o início dos Jogos Olímpicos, cresce a expectativa não só por medalhas e recordes, mas pelo que esse megaevento pode trazer de arrecadação à economia brasileira, especialmente em um cenário de crise. Segundo estudo divulgado pela Visa, uma das patrocinadoras da Olimpíada do Rio, são esperados até 500 mil estrangeiros no Brasil em agosto, mês das competições.

Segundo o levantamento, 45% dos turistas de fora devem vir de América Latina e Caribe. Para a empresa, a perspectiva é que o turista que virá ao Brasil gaste ainda mais do que desembolsou na Olimpíada de Londres, em 2012, quando a média chegou a US$ 1.830, o dobro do turista regular.

Segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), encomendada pelo governo federal e divulgada na fase final da Copa do Mundo de 2014, o Mundial de futebol gerou R$ 30 bilhões à economia brasileira, sendo responsável pela geração de 1 milhão de empregos.

Os efeitos positivos ou não de um megaevento esportivo são muito difíceis de serem quantificados. As estimativas são sempre muito abstratas e costumam revelar um cenário muito mais cor de rosa do que a realidade.

Por outro lado, até que ponto a Olimpíada de 2004 contribuiu para a profunda estagnação econômica da Grécia quatro anos depois? É possível relacionar os gastos com Copa e Olimpíada ao marasmo econômico vivido agora pelo Brasil?

A grande conquista para um país-sede está muito mais vinculada à autoestima de seu povo e à projeção do Estado em nível global. Realizar a Olimpíada foi muito mais importante para a China, uma nação emergente, do que para a Inglaterra, país que já ocupa papel relevante no mundo. Esse é o maior legado que o Brasil pode tirar (ou não) do privilégio de sediar Copa e Olimpíada em apenas dois anos: que lugar iremos ocupar no planeta a partir de 22 de agosto?

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