Na atual edição do Campeonato Brasileiro, parte dos torcedores está em uma viagem no tempo: tem acompanhado o torneio pelo bom e velho radinho. Jogos de time que não fecharam com a Globo ou com o Premiere só podem ser acompanhados dessa maneira neste ano. E, cada vez que um consumidor não tem acesso ao produto desejado, é sinal de uma falha grave.
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Graças à surreal estratégia de algumas equipes, o futebol brasileiro tem vivido o equivalente a uma ruptura de varejo. É como se a Coca-Cola parasse de ser vendida porque a empresa entende que poderia ter um acordo mais vantajoso com a única empresa que faz a distribuição nacional das bebidas. Isso não faz sentido.
Nesse cenário, entra a NBA. Quanto vale a transmissão da maior liga de basquete do mundo? Quanto pagou a Band? Pouco importa. O escritório da entidade no Brasil sabia que era fundamental a entrada em rede aberta no país; a distribuição é um enorme passo para ganhar o mercado.
É o caminho que trilhou a Liga dos Campeões da Europa nas duas últimas décadas, com contratos menores, mas com o crescente apelo popular no Brasil. Hoje, a competição e seus principais times mantêm um prestígio incomparável em relação ao início deste século.
Trabalhar com uma entidade esportiva é sempre complexo. São três clientes distintos, com interesses diferentes: o torcedor/consumidor final, os patrocinadores e as mídias/televisões. Eles nem sempre terão objetivos em comum, como pode ser visto no duelo pelos horários da partida, um claro desalinhamento entre as partes.
Mas apesar da diferença de trabalho entre esses três clientes, há um que precisa ter sempre a prioridade: o torcedor. Sem ele, não há interesse da televisão e dos patrocinadores. Por ele, pode-se ter flexibilidade com as outras partes. A NBA mira então viabilizar a transmissão da televisão para ter mais consumidores no Brasil. No futuro próximo, o caminho natural é o aumento do interesse das outras partes.
Quando um torcedor ouve uma partida no rádio porque não tem outro acesso a ela, é sinal de uma grave falha na indústria esportiva. Se a distribuição rende pouco por algum motivo, que se trabalhe para ter novos rumos nessas negociações, mas sem nunca abrir mão do consumidor final; é ele quem faz a roda girar. Ligas estrangeiras já deram diversos exemplos no Brasil dessa importância, o que torna o atual Brasileirão uma aberração ainda maior. Tem faltado a visão distanciada, de toda a engrenagem.