Análise: NBB colhe frutos de ser dono do conteúdo

Há vida para o esporte sem a Globo? A história do esporte brasileiro mostra que raramente um produto consegue prosperar sem ter o Grupo Globo como parceiro de transmissão dos seus eventos. Mas, no segundo ano de sua estratégia de “grito da independência” em relação à emissora, o basquete mostra que é possível colher os frutos de assumir a produção do próprio conteúdo.

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O acordo da Liga Nacional com o DAZN amplia o leque de distribuição do NBB por mais um veículo de mídia. Ainda não é suficiente para compensar o número de audiência perdida sem a parceria do Grupo Globo nas transmissões, mas sem dúvida é um indício de que a aposta no formato multiplataforma vai dando retorno.

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O maior diferencial que o NBB passa a ter com relação a qualquer outro esporte no Brasil é a capacidade da liga em entregar o melhor produto para todos: atletas, mídia, patrocinadores, gestores e por aí vai. A partir do momento em que a mídia passa a ser reprodutora do conteúdo ofertado pela liga, e não produtora, o jogo de forças se altera.

Financeiramente, o contrato com o DAZN permite ao NBB ter o fôlego necessário em meio ao caos aéreo causado pela quebra da Avianca e pela incerteza do futuro das empresas estatais como a Caixa.

Além disso, foi pela aposta da liga no novo modelo de distribuição de conteúdo que a parceria com a Budweiser via Facebook foi costurada na última temporada, rendendo exposição, engajamento e dinheiro.

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Como esse tipo diferenciado de entrega seria possível se a liga não fosse a responsável pela geração do conteúdo dos jogos? É exatamente essa a ruptura principal que o basquete conseguiu no último ano. Nada contra a Globo, mas o modelo que ela construiu em parceria com o esporte nos últimos 30 anos precisa ser revisto. Só assim as modalidades esportivas poderão ter vida para além da maior emissora do país.

O NBB colhe hoje o fruto de ter começado a adotar, em 2013, esse modelo. Foi na temporada 2013/2014 que a liga fez três jogos com transmissão própria para experimentar como funcionaria o sistema. Na temporada seguinte, subiu para 30. Desde a temporada passada, todos os jogos são dela, e a mídia tem o direito de pagar para exibir.

Há vida para o esporte sem a Globo. O caminho, porém, não é fácil. O NBB perdeu muito em exposição sem a grande emissora do país. Mas, ao criar um norte para a produção de conteúdo, vai aos poucos compensando a queda de exposição na qualificação da distribuição do conteúdo. Isso só é viável no mundo multiplataforma.

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