O Novo Basquete Brasil implementará no Brasil um modelo americano de transmissão esportiva, com diversos parceiros e entregas exclusivas a cada um deles. Caso seja bem-sucedida (e tem tudo para ser), a iniciativa deverá mudar o modo como o esporte se relaciona com a mídia no Brasil.
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Há uma razão clara para o mercado brasileiro ser diferente: o domínio da Globo na televisão. Nos Estados Unidos, o maior exemplo está na NFL, a campeã de audiência que se divide em quatro emissoras. Nos canais abertos, CBS, Fox e NBC dividem o protagonismo no mercado do país. A ESPN completa o bolo da liga.
No Brasil, o campeão de audiência é o futebol e, para ele, dividir os direitos pode não ser um bom negócio, pelo menos neste momento; uma partida em outra emissora significa uma perda considerável na audiência. Em outros esportes, que não recebem tamanha atenção da emissora carioca, o caminho pode ser uma opção considerável no mercado de mídia.
A verdade é que, para qualquer evento esportivo, é muito difícil abrir mão da Globo. A emissora garante alta audiência, boa promoção e uma enorme credibilidade no mercado. Por outro lado, são poucos produtos que receberão uma cobertura nobre do canal. O NBB, por exemplo, ganhava espaço no Globo Esporte, mas eram raras as transmissões ao vivo.
A cobertura que o NBB conseguirá, por outro lado, será excepcional. Ganhará atenção de grandes canais esportivos e digitais, além da presença na televisão aberta. Será algo tão grandioso que a presença na Globo será supérflua. Esse, aliás, é um caso inédito no país de uma liga ou evento que poderá dizer que não precisará do maior grupo de mídia e maior emissora de televisão do país. É um privilégio.
O problema, para outros produtos esportivos, é que esse é um caso específico. Será difícil ver outra liga com o grau de maturidade do NBB a ponto de fazer negociações do tipo. A Liga Nacional de Basquete é hoje a entidade esportiva mais profissional do país, e isso não é algo que possa ser ignorado.
Ainda assim, é um caminho a ser observado. Não é para achar que basta importar o modelo americano porque o mercado brasileiro de mídia é consideravelmente diferente, mas o NBB mostra que há muita coisa fora da caixa que pode ser feita. Para dar certo, a liga terá que contar com uma participação efetiva de seus novos canais, como a Globo fazia. A expectativa é bastante alta para o novo modelo.