Quando os clubes romperam com o Clube dos 13, em 2011, não faltaram críticas à decisão, do quanto ela poderia gerar de desequilíbrio entre as equipes e do quanto ela enfraqueceria cada time. A chamada “espanholização” nunca aconteceu de fato, e a Globo até adotou um modelo com divisões mais justas nas negociações mais recentes. Ainda assim, o Brasileirão deste ano não deixa nenhuma dúvida: o modelo atual é um atraso no mercado.
Nesta terça-feira (2), houve uma pequena demonstração do quanto esse jogo de empurra é desgastante. O jogo Cartola FC, que já rende R$ 20 milhões diretamente à Globo, foi apresentado sem o Palmeiras. Parece pequeno, mas o game é o licenciado mais rentável do Brasileirão, e ele foi apresentado sem uma perna.
Na situação atual, só há perdedores. Sem o Palmeiras, a Globo corre o risco de ficar sem transmissão de jogos do time favorito ao título, dono de uma das cinco maiores torcidas do país.
Para o clube, a situação é ainda pior, pois tem muito mais a perder. Sozinho, o Palmeiras gera um constrangimento à Globo, mas não propriamente um prejuízo. Já o time fica sem uma considerável parte de sua renda e toda a exposição gerada pela emissora. Não há Crefisa que possa tolerar ser ignorada pelo canal.
Na televisão fechada, o caso é mais bizarro: uma série de partidas ficará no limbo da mídia, sem transmissão alguma, graças às vendas divididas entre SporTV e Esporte Interativo. Clubes, torcedores, mídia e patrocinadores perdem. Não há exceção: é um jogo de derrota certa.
Os clubes, aliás, têm reclamado de patrocínios menos valorizados. Reclamam do mercado, da crise e de qualquer outra coisa que não seja espelho. Mas, hoje, nenhuma marca tem garantido um plano de exposição na mídia. Em um país em que a exposição é tão valorizada pelos patrocinadores, os times são incapazes de apresentar uma grade concreta. Há um mês do início do Brasileirão, ninguém sabe dizer se haverá um Corinthians x Palmeiras na televisão aberta. É uma várzea completa.
Se houver qualquer princípio de inteligência e boa vontade entre os dirigentes esportivos, esta será a última vez em que as emissoras negociarão os direitos esportivos do Brasileirão de forma individual. Em 2024, as vendas serão em bloco, o que dará uma segurança muito maior ao mercado e uma força significativa aos clubes. Mas vale a lembrança que essa organização tem que começar de forma imediata.