Quando o PSG decidiu contratar Neymar pelo mais alto valor já investido em um jogador de futebol na história, o clube tinha como objetivo não apenas o ganho de desempenho esportivo, mas de marca. O que já era apenas uma mera percepção ficou ainda mais evidente após a entrevista que a Máquina do Esporte fez com Jérôme de Chaunac, o diretor geral do PSG Américas.
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Desde que passou para o comando do fundo qatari, o clube francês dá uma aula de como transformar a imagem de um pequeno time nacional num colosso global. Os primeiros passos do PSG foram no sentido de ganhar o torcedor. Povo que tem uma forte tendência nacionalista, o francês teve de engolir o orgulho ao ver um time ser comprado por um bilionário do Qatar. Para reduzir a rejeição local, o clube tratou de abraçar a causa de Paris, que apesar de ser a principal cidade francesa, nunca tinha tido uma equipe dominante no futebol como tiveram Marselha, Lyon ou Nantes.
A contratação de Neymar, tirado da potência global do Barcelona, foi uma espécie de reforço da honra francesa. Mas, mais do que isso, foi o elemento extra que faltava ao PSG para dar seu salto global.
Agora, ao fazer jogo duro e impedir a saída do seu maior garoto-propaganda, o PSG manda um novo recado ao mercado. O clube tem história. E honra. E isso são coisas que precisam ser preservadas. Neymar terá de entender que é menor do que o clube e passar a dançar conforme a música para conseguir voltar a dar um rumo de protagonismo à carreira.
A dívida de Neymar com o PSG dentro de campo é monstruosa. Fora dele, porém, o jogador já valeu o investimento. O crescimento da marca do time de Paris em seus três mercados-chaves (Brasil, EUA e China) está diretamente relacionado ao frenesi que o atleta causou para o público desses países desde o seu desembarque na Cidade Luz.
Quando Chaunac celebra publicamente a continuidade de Neymar no time, ele mostra que o peso do atleta para os negócios é grande. Mesmo com a imagem desgastada pelo que não tem feito com a bola nos pés, o brasileiro ainda tem seu valor.
Agora, é hora de o marketing em torno do atleta tirar o time de campo. E o “menino que apenas quer brincar com uma bola” precisa assumir o protagonismo que se espera dele dentro de campo. O que falta saber é se o dono do PSG, Nasser Al Khelaifi, está disposto a dar essa chance para seu garoto-propaganda. Se não, Neymar terá o castigo que merece para tentar aprender que sua maior força está dentro de campo.