Análise: No esporte, o personagem não pode ser maior que a função que ele exerce

O mundo do futebol foi surpreendido com a notícia de que o humorista Antonio Tabet, criador dos sucessos Kibe Loco e Porta dos Fundos, vai assumir a vice-presidência de comunicação do Flamengo. O questionamento transcende sua capacidade para desempenhar a função. Publicitário, Tabet vai atuar na sua área de formação.

O ponto de interrogação está no fato dele ter atingido um patamar profissional muito maior do que o cargo no futebol. Nesse caso, os holofotes invariavelmente vão para o personagem, não para suas ações no novo mercado.

Não se trata de colocar em xeque a sua seriedade, por mais paradoxal que pareça. Mas é possível pesar na balança a sua disponibilidade para fazer a ponte na comunicação do clube mais popular do país. A incógnita é saber como ele será capaz de gerenciar seu tempo em tantas atividades distintas. Compatíveis, mas distintas. E todas com uma pressão quase insuportável por resultados.

A atual gestão do Flamengo, que caminhava na busca por profissionalismo para todas as áreas do clube, parece ter desistido do projeto. Privilegiou a mídia em detrimento do mercado. Levou protagonismo a um setor que funciona melhor se trabalhado com discrição e afinco. A própria coletiva de imprensa convocada para anunciar o novo reforço fora de campo já demonstra que as coisas estão fora de ordem. A piada está pronta, mas pode ser que ela jogue a favor do adversário.

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