Análise: no Flamengo, boa gestão não pode ignorar campo

Há um certo consenso em dizer que o saldo da gestão de Eduardo Bandeira de Mello no Flamengo é positivo. O clube passou a liderar o ranking de faturamento entre os brasileiros e soube administrar a enorme dívida acumulada em muitas décadas. O que era impraticável se tornou saudável em poucos anos. Ainda assim, Bandeira de Mello corre risco nas eleições marcadas para dezembro.

Esse risco está longe de ser injusto; o domingo foi um retrato disso. Em jogo transmitido para a maior parte do país, o time entrou em campo em um estádio lotado para uma partida fundamental para a disputa do título. Mas com um problema: a equipe carioca, que saiu derrotada, era mera figurante da festa do time mandante, protagonista do evento.

O Flamengo é, acima de tudo, um clube de futebol, que é o que interessa aos seus mais de 30 milhões de torcedores. E foi justamente o futebol o pilar mais maltratado por Bandeira de Mello. Toda sua seriedade administrativa pode ir por água abaixo porque o time, em campo, é uma lástima.

E não há justificativa. Não foi azar, falta de tempo ou dinheiro. Foram uma série de técnicos, entre nomes um tanto duvidosos. Na gestão, houve tanta mudança na diretoria que, neste ano, foi criado o tal Conselho Gestor de Futebol para preencher esse espaço. Quando sobrou dinheiro, foram milhões em nomes como o de Paolo Guerrero, símbolo da derrota de domingo.

Independentemente do resultado de dezembro, Bandeira de Mello deixa uma grande lição para gestores do esporte: a austeridade financeira não sobrevive sem a boa administração da questão central de seu negócio. Nesse caso, o campo. 

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