Análise: Nova Fifa repete velhos erros

No ímpeto de faturar mais e a qualquer custo, a Fifa infla seus torneios, gera novas disputas e fecha parcerias com agentes que não geram nenhuma confiança. A frase está adequada ao que foi a gestão Blatter nos anos 2000, encerrada tragicamente nesta década. Mas, ultimamente, também serve para falar de Infantino na nova administração da federação de futebol.

Não significa que o dirigente suíço-italiano seja desonesto e esteja, necessariamente, envolvido em ações nebulosas. Mas o modo de agir se assemelha ao do seu antecessor. E, a considerar o trauma que foram os escândalos mais recentes da Fifa, gerar uma imagem próxima à antiga pode ser complicado.

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Infantino inflará ainda mais a Copa do Mundo e, portanto, matará as Eliminatórias. No lugar, colocará mais uma disputa global, de logística complicada e apelo questionável. Para o Mundial de Clubes, pretende atropelar o bom senso esportivo, além de criar mais um empecilho ao calendário dos clubes.

Para tudo isso, fará uma parceria com investidores desconhecidos da Arábia Saudita, país que no momento está em evidência pelo cruel assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, na embaixada do país na Turquia. Um cenário nada animador.

Tentar aliados com torneios inchados foi estratégia de Blatter ao longo de seus anos de poder. Politicagem que começou na ISL e terminou na Copa do Mundo do Qatar. Uma queda que o futebol vai demorar para se recuperar.

É trauma suficiente para parceiros verem os movimentos e as semelhanças com desconfiança. No último ciclo de Copa do Mundo, a Fifa já teve que conviver com a fuga de empresas como Sony, Johnson & Johnson e Castrol para a chegada de marcas emergentes no mercado global. Os remanescentes ficam sempre receosos. Será que a promessa dos bilhões dos anônimos árabes vale o risco da imagem arranhada?

E, além disso, o excesso é inimigo do esporte. A Copa do Mundo perde com 48 times, perde com um torneio mundial paralelo e perde até com uma Copa do Mundo de Clubes mais robusta. Com menor nível técnico, a tendência é de esvaziamento do principal torneio de futebol do mundo, mesmo com mais países envolvidos. O mesmo pode ser dito sobre mais uma competição de times.

Pelo menos até sexta-feira (26), quando será apresentada a proposta, parece que a Fifa chutou o planejamento pela proposta mais alta. Um erro que já custou caro.

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