Análise: Outros esportes não podem sugar futebol

Investir ou não em outros esportes? A dúvida geralmente permeia os clubes que são, essencialmente, do futebol. Há duas décadas, o mercado creditava o segredo dos clubes ingleses, liderados pelo Manchester United, ao fato de que as instituições eram puramente voltadas para o futebol, sem ter de se preocupar em “fechar a conta” de modalidades esportivas com menor poder de geração de negócios.

LEIA MAIS: Corinthians aposta em licenças para outros esportes

O argumento caiu por terra a partir do instante em que Real Madrid e Barcelona alcançaram o topo do ranking de clubes com maior faturamento tendo ainda de pagar a conta dos outros esportes. O sucesso dos espanhóis abriu caminho, também, para o debate tomar conta dos clubes brasileiros. A expansão de marca que os outros esportes dá aos clubes é um argumento irresistível para apostar em outras modalidades.

O problema é que, diferentemente do modelo europeu, o Brasil não achou um meio de fazer com que os outros esportes sejam autossustentáveis para os clubes.

Expandir a marca a outras modalidades é extremamente interessante para os clubes, mas isso não pode ser feito à custa dos ganhos do futebol. Ou, pelo menos, não pode drenar recursos que seriam alocados para investir na razão de ser de uma marca que cresceu por conta do futebol.

O Flamengo foi, até agora, o único clube que conseguiu fazer a equação funcionar. Para isso acontecer, porém, o clube apostou na profissionalização da gestão dos “esportes olímpicos”. Hoje, além de ser um negócio que se paga, os demais esportes geram muitos títulos para o clube.

A saída é começar a pensar estrategicamente. O clube está disposto a “perder dinheiro”, mas conversar também com torcedores do basquete, do vôlei, do handebol e do futsal? Então faz sentido ter uma equipe nessas modalidades. Se o objetivo é apenas atender à vaidade do dirigente, ou então assegurar votos do clube social, então é mais do que necessário mudar a forma como o modelo é trabalhado. Do contrário, a cada troca de gestão, os “outros esportes” sofrerão o baque de uma mudança para que a nova diretoria possa imprimir sua própria marca dentro do clube.

LEIA MAIS: Corinthians acerta parceria e terá equipe de ciclismo em 2019

LEIA MAIS: São Paulo disputará Liga Ouro de basquete masculino em 2019

Para os gestores de outros esportes, ter um clube de massa entre aqueles que disputam sua competição representa uma possibilidade de atrair mais gente. Mas os clubes precisam, urgentemente, criar um plano que sustente o investimento em outras modalidades. Elas não precisam necessariamente dar dinheiro para o clube, mas precisam ter um objetivo por trás do gasto que haverá na empreitada.

Sair da versão mobile