Análise: Pagar por conteúdo ainda é raridade

As pessoas ainda não têm o hábito de pagar pelo conteúdo que consomem. Esse é um enorme problema para algumas indústrias que migram para o digital. Agora, será o esporte que terá que lidar com isso. Essa dificuldade de conseguir assinantes é o que pode explicar a estratégia do DAZN.

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Na última semana, o Super Bowl mostrou como o streaming esportivo ainda tem dificuldade de competir com a televisão: apenas 2% dos americanos assistiram ao evento pela internet, mesmo com ambas as mídias gratuitas. Essa relação mostra que migração para os meios digitais precisa de um fator extra. Como a exclusividade.

Por essa lógica, enquanto o DAZN competir com a RedeTV!, ele ficará para trás. O fator de desequilíbrio para o serviço de streaming seria a exclusividade, que ele teria originalmente. Mas, num mercado em que pagar por conteúdo é restrito a alguns nichos, claramente isso não seria suficiente.

Está claro que, para o DAZN triunfar no Brasil, precisará se mostrar bom e confiável. O que indica um duro caminho inicial dentro do mercado brasileiro.

Um bom parâmetro é o Premiere Play que, segundo o UOL, conseguiu 150 mil assinantes no fim do ano passado. Parece muito, mas é um universo pouco significativo perto das audiências apresentadas pelo futebol no Brasil.

A verdade é que apenas um único serviço de conteúdo pago na internet triunfou no Brasil: estima-se que a Netflix tenha 10 milhões de assinantes no país. Ajudam a marca o preço baixo, a vasta programação e um produto que já representava custo para o consumidor, com os aluguéis de filmes, atividade central da Netflix antes da migração para o universo on-line.

Quando o consumidor não tem o hábito de pagar, esse movimento é mais complicado. É o drama do jornalismo, que já não gera o mesmo interesse do mercado publicitário, mas também não consegue gerar receitas diretas com os clientes. A “Folha de S.Paulo”, por exemplo, tem 310 mil assinantes, com mais da metade desse número no digital. Pouco para o maior o jornal de um país com 210 milhões de habitantes.

Como não há nada de graça, essa é uma situação que tende a mudar. Após o boom de gratuidade na internet nos anos 1990 e 2000, agora o caminho terá que ser outro. O esporte está dentro desse pacote, com os novos serviços de streaming. A mudança, no entanto, não será de um dia para o outro. A ponto de a nova mídia ter que recorrer momentaneamente à velha. Certamente, o DAZN sabe que faz parte do jogo.

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