Análise: Pan não é mini Olimpíada, mas é útil para testar atletas

Para muitos, o calendário de competições apertado e o baixo nível técnico fazem com que não haja mais sentido na disputa do Pan-Americano.

O evento já teve mais peso. Era um torneio para os norte-americanos iniciarem suas carreiras. Antes de se tornar um mito das piscinas, Mark Spitz amealhou cinco ouros no Pan-1967. Carl Lewis ainda não tinha ganhado o primeiro de seus nove ouros olímpicos quando foi testado no Pan-1979. Michael Jordan era um universitário quando ganhou o Pan-1983.

Nos tempos atuais dá para argumentar que Michael Phelps e Usain Bolt, os maiores astros das duas últimas Olimpíadas, jamais atuaram no Pan.

Todas essas críticas superestimam um papel que não é dos Jogos continentais. O Canadá não sediou uma mini Olimpíada. É impossível fazê-la. Durante o Pan, Toronto concorreu com as finais da Liga Mundial e do Grand Prix de vôlei. O tênis manteve seu calendário. O Circuito Mundial de vôlei de praia teve duas etapas. Os Jogos continentais quase encavalam com os Mundiais de atletismo e esportes aquáticos, as duas principais modalidades olímpicas.

Por outro lado, no momento em que exaltamos a globalização e falamos que competições regionais estão fadadas ao fim, o velho continente celebra a primeira edição dos Jogos Europeus, em Baku, com a disputa de 20 modalidades. Eventos semelhantes já acontecem na Ásia e África.

Por que manter esse evento? Porque o Pan é uma importante etapa para dar experiência internacional aos atletas. Levantamento do repórter Bruno Doro, do UOL, mostrou que quase 80% das medalhas olímpicas do Brasil vieram de atletas que tinham disputado o Pan no ano anterior. Números semelhantes seriam encontrados em outros países, inclusive nos EUA. Não é pouca coisa. 

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