O atletismo ainda nem superou denúncia de 2014 de que 150 casos de doping foram encobertos nos últimos anos e mais areia entrou nas provas de pista. Alberto Salazar, ex-fundista e treinador de reputação até então inabalável, é acusado por outra matéria de TV de ter administrado drogas proibidas a seus atletas.
Mais complicado ainda: o tricampeão da Maratona de Nova York nos anos 80 dirige um Centro de Treinamento mantido pela Nike no Oregon, sede da multinacional de material esportivo. Segundo a BBC, ele teria usado em seus atletas injeções de pequenas doses de testosterona, um hormônio masculino de efeito anabolizante na musculatura.
Outra acusação afirma que ele conseguiria facilmente isenções de uso terapêutico para seus atletas. Esse documento autoriza atletas a usarem drogas proibidas sob a justificativa de tratamento médico.
Entre os atletas que podem ter se beneficiado do esquema está o fundista Mo Farah, campeão olímpico dos 5.000 m e 10.000 m na Olimpíada de Londres-2012. Por ora, não há nenhuma prova contra o britânico, que se juntou ao grupo de Salazar em 2011.
Segundo a BBC, porém, Galen Rupp, vice-campeão olímpico dos 10.000 m, teria tomado drogas ilícitas em 2002, aos 16 anos, sob as ordens de Salazar. Kara Goucher, dona de um bronze em Mundiais, deixou o CT do Oregon por discordar das práticas do treinador.
Se é fácil burlar os testes, em um mundo supervigiado, é cada vez mais difícil manter esses esquemas por muito tempo. O caso mais notório é o de Lance Armstrong, que manchou com a reputação de várias empresas, entre as quais a própria Nike.
O doping, além de abalar a saúde futura do atleta, mancha com a lisura da igualdade de competição, princípio básico do esporte. Se quiser, de fato, limpar a modalidade mais importante da Olimpíada, é preciso expulsar fraudadores e fraudes das pistas. Isso passar por investigações rigorosas, punições duras e por patrocinadores mais atentos às práticas de seus contratados.