Análise: Patrocínio retroativo é legado de Rio 2016 ao marketing

O patrocínio retroativo conquistado pela Petrobras para a Olimpíada do Rio 2016, além de inusitado, fere os direitos dos apoiadores do COI (Comitê Olímpico Internacional) que desembolsaram milhões durante todo o último ciclo olímpico.

A pretexto de conceder um aporte de última hora para garantir a realização da Paralimpíada, a estatal de petróleo ganhou, de brinde, o direito de também utilizar as marcas olímpicas após o final dos Jogos. Assim, pôde usar, em anúncios publicitários, seus atletas com as medalhas olímpicas conquistadas, propriedade que normalmente só é concedida aos patrocinadores oficiais.

Por trás da liquidação promovida pelo Comitê Rio 2016 está um problema mais grave. Às vésperas de seu início, foi anunciado um rombo de R$ 250 milhões nas contas da Paralimpíada, que fecha o ciclo de megaeventos esportivos no Brasil, iniciado com a Copa das Confederações, em 2013, e que passou pela Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada, no mês passado.

Sem outra alternativa, o Estado correu em socorro. A Prefeitura do Rio liberou R$ 150 milhões uma semana antes do início dos Jogos. Mais dinheiro veio de quatro patrocínios estatais acertados às pressas, com Petrobras, Loterias Caixa, Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e Embratel, além de uma empresa privada, a Ambev, que ativou sua marca Skol, assim como já havia feito nos Jogos Olímpicos.

Se evitou um vexame maior, o mega feirão promovido pelo Rio 2016 desvaloriza a marca olímpica, uma das mais consolidadas do mundo e dá ao Rio um triste legado ao marketing esportivo.

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