A semana que passou foi emblemática para o mercado de transmissão no Brasil. No meio de semana, o Flamengo teve seu primeiro jogo exibido ao vivo com exclusividade pelo Facebook. Mais de 1 milhão de pessoas se conectaram à rede social para poder acompanhar o jogo, recorde até hoje no Brasil. E, no fim de semana, saiu a notícia do acordo do DAZN com a CBF para a transmissão de jogos da Série C do Campeonato Brasileiro por meio da plataforma de streaming.
As duas situações mostram que as transmissões on-line no Brasil já são realidade. O problema é que, talvez até por uma característica histórica do país de se acostumar com exclusividade de diferentes empresas na transmissão do esporte, queremos sempre achar que um campeonato só pode ser exibido por meio de uma única plataforma.
A Série C do Brasileirão estava “órfã” desde o fim do Esporte Interativo. Os canais da CBF em redes sociais haviam abrigado o espólio das transmissões, num acordo tampão feito com a Turner.
Agora, o grupo DAZN fica responsável por todas as mídias do torneio, e poderá usar a estratégia corretamente adotada na Sul-Americana, em que a RedeTV! hospeda algumas transmissões que seriam atrativas demais para estarem exclusivas na transmissão por streaming.
Num país em que a banda larga ainda é estreita e cara, o streaming não pode ser a única alternativa. Diferentemente de mercados mais maduros, em que o on-line já é bem disseminado e consegue atrair uma gama bem maior de pessoas, no Brasil é preciso ter muita cautela para as transmissões exclusivas no streaming neste instante.
O problema é que o Brasil não sabe o que quer com a transmissão on-line.
Nos mercados mais maduros, como o dos EUA, o streaming aparece ainda como uma forma de conectar o esporte ao jovem, que considera a TV um meio antiquado. As grandes ligas não colocam a transmissão on-line como futuro, mas como mais uma das alternativas para falar com o máximo de gente possível e manter-se no topo.
Por aqui, o streaming tem surgido como uma alternativa para o esporte ter espaço na mídia. Os canais on-line são, hoje, muito mais uma saída para quem não está na TV do que parte de um planejamento estratégico das modalidades. O caminho tomado pelo NBB há dois anos e agora pela Conmebol parecem ser o mais completo nesse sentido. O streaming é uma das alternativas de transmissão, e não a solução.
Precisamos entender isso para poder ter benefício com a transmissão on-line.